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domingo, 28 de abril de 2019

Ichu: Depois de 15 anos, MCP realiza o sonho de reforma e ampliação de sua sede

Foi reinaugurada na tarde deste sábado, 27, a sede do Movimento das Comunidades Populares - MCP do município de Ichu idealizado por Maria Auxiliadora (Dodora). 
No evento de reinauguração estavam presentes autoridades locais,  representantes do MCP de várias cidades da região inclusive do senhor João Carlos que é presidente do MCP Nacional, além de outras entidades.
Para dar início as atividades Padre Gildivan fez uma breve celebração, bem como abençoou o espaço que foi totalmente reformado e ampliado.
João Carlos da Providência um dos responsáveis pelo MCP em Ichu falou da alegria em depois de 15 anos conseguir construir essa obra tão importante para o movimento. Ele destacou que foram mais de R$ 52 mil na construção e o prinicipal com doações dos membros da entidade, doações da comunidade, realização de eventos, caruru, GIC e tantas outras iniciativas.
João Carlos agradeceu a todos que contribuiram na ampliação da sede, mas que eles continuarão na luta por mais benfeitoria no espaço. Em entrevista ao AL Notícias João citou os serviços que são oferecidos na entidade.
Todos os particicpantes da mesa utilizaram a palavra e falaram da importância do MCP para o município de Ichu. Eles parabenizaram o movimento pela conquista.
João Carlos (Presidente do MCP Nacional) disse que há quarenta visita Ichu e sabe da luta movimento desde o início com dona Dodora e sua irmã Maria de Jesus Carneiro (Fia), falecida em 2017. 

Um dos momentos emocionantes foi quando Mara Santos (Presidente da ACTMARES) fez uma homenagem a Maria Auxiliadora (Dodora) contando a história de luta nos movimentos sociais.
Emocionada, Dona Dodora disse que o nome do seu filho João Carlos é em homenagem ao Presdiente do MCP Nacional, pois quando engravidou prometeu que se fosse homem colocaria esse nome.

Durante o evento de reinauguração aconteceram várias apresentações culturais com grupos de Ichu, Feira de Santana, Coité e Retirolãndia.
Crianças do Reforço Escolar promovido pelo MCP
Sabrina e Richard (Ichu)
Grupo Avanço Novo de Retirolândia
Grupo de Nova Palmares (Coité)
Grupo Avanço Novo de Lagoa Grande (Retirolândia)
Grupo de Samba de Roda Recordar é Viver de Ichu

A origem do Movimento
Maria Auxiliadora (Dodora), nascida e criada em Ichu, hoje com 80 anos de idade, é a história viva do Movimento no Município.

Outra companheira, que junto com Dodora iniciou a JAC em Ichu, foi sua irmã Maria de Jesus Carneiro (Fia), falecida em 2017.

As duas irmãs são filhas de agricultores de Ichu. Na década de 1950, as duas irmãs se deslocaram de Ichu para Serrinha, a 30 km, para participar da Associação das Filhas de Maria, da Igreja Católica.

Outra pessoa que ajudou muito na implantação da JAC em Ichu, foi o Albertino, que na época era seminarista em Salvador. Depois de ordenado padre, fundou o MOC (Movimento de Organização Comunitária).

A base principal da JAC em Ichu era a Comunidade rural Capoeira do Rio. De lá é que se espalhou pra outras Comunidades. Essa Comunidade continua atuante até hoje.

Na época da JAC se fazia muitas atividades com os jovens como: tarde alegre, aniversário do grupo, atividades religiosas como: Natal, Semana Santa, dramatizações do Evangelho, Escola de Alfabetização pela Rádio, etc.

A Ditadura Militar e a mudança do Movimento
Depois do golpe militar em 1964, começou a surgir os contras que combatiam a JAC. Inclusive dentro da igreja, como padre Hélio e outros. Na época alguém divulgou uma carta denunciando e ameaçando nós da JAC, lembra a Dodora.

Nos encontros que fazíamos, sempre ficava alguém vigiando para cuidar se alguém estranho se aproximasse para evitar que entrasse no local. Ninguém podia anotar nada.

Foi nessa época que surgiu uma nova orientação na JAC, de envolver os adultos no Movimento.. Aos poucos a JAC foi se transformando no MER (Movimento de Evangelização Rural).

As tardes alegres da JAC foram se transformando em Festa dos Agricultores. Sempre no 1º domingo de Maio (para celebrar o lº de Maio). Havia muita arte popular feita pelos agricultores, samba, cantiga de roda, cantos, poesias, cordel, etc. Fazia-se exposição de produtos da roça. Tinha o concurso da Rainha do Milho. O outro aspecto do Método é o ideológico, que era o militante “Viver no meio do povo como peixe dentro d’água” e “Antes de ensinar ao povo devemos aprender com ele construir o novo, que era o Movimento de Evangelização Rural (MER).

Porém o MER não devia ser uma organização de massas e nem aberto. Era o espaço dos militantes da ex JAC que aderiram ao novo Movimento. Na base deveríamos atuar nas pastorais sociais e organizar o povo em seus órgãos de classe: Sindicatos, Associações e Cooperativas.

Outros militantes da JAC priorizaram o trabalho do MOC (Movimento de Organização Comunitária), liderado pelo padre Albertino. Na luta na base, MOC e Pastoral Rural se misturavam. Dodora mesmo, trabalhou 12 anos no MOC. O que era separado eram os Encontros de Formação e as Coordenações.

Com a nova orientação, os companheiros de Ichu fundaram em 1969, a Associação dos Moradores de Ichu (AMI). Em 1971, fundaram o Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR).

Na AMI, com o objetivo de facilitar a participação do povo, a Associação foi descentralizada com núcleos em várias Comunidades, com responsáveis para acompanhar cada uma delas, que eram: Capoeira do Rio, Lagedinho, Maxixe, Canavial, etc.

Outra Comunidade que o Movimento teve muito presença foi na fazenda Morro Redondo. Surgiu um conflito de terra envolvendo várias famílias que estavam sendo despejadas pelo fazendeiro chamado Doutor Ari. Antônio da Silva, esposo de Dodora, que também morava na fazenda Morro Redondo, lembra que quando o fazendeiro começou a despejar os posseiros, o povo se mobilizou, resistiu. Enchemos um caminhão e fomos para uma audiência em Feira de Santana. Resistimos de várias formas.

A luta pela terra na Morro Redondo foi vitoriosa. Quem resistiu, conseguiu permanecer na terra. Um dos motivos da vitória foi a união dos posseiros e o apoio das várias organizações populares do Município, principalmente do MOC.

Lutamos também pela aposentadoria rural e outros direitos previdenciários. Além do MOC, da AMI, foram criados a APAEB e a ASCOOB, que são extensões de entidades regionais criadas na Bahia. Os companheiros do Movimento sempre participaram como sócios ou diretores dessas entidades.

Outro instrumento de conscientização dos trabalhadores de Ichu é a Rádio Comunitária Independente, criada por iniciativa dos militantes da Pastoral da Juventude, com apoio do padre Leopoldo, Apesar das dificuldades que a Rádio enfrentou, ela continua sendo um meio de comunicação a serviço das Comunidades. Ela tem dado bastante espaço ao MCP, inclusive, transmitindo ao vivo as Assembleias Populares que o MCP tem feito com os candidatos a prefeito, nas últimas duas eleições.

O Movimento hoje
O Movimento que nasceu como JAC, passou a se chamar Pastoral Rural (MER), depois mudou para Corrente Sindical e Popular Independente (CTI). Evoluímos para Movimento das Comissões de Luta (MCL) e hoje se chama MCP (Movimento das Comunidades Populares).

Os companheiros acompanharam toda essa trajetória que já ultrapassa 50 anos, mas não perderam o fio da história. Hoje o MCP atua na cidade, onde tem sua sede, e em várias Comunidades rurais, com base organizada no Morro Redondo e Queimada do Cedro.

Tem em sua organização pessoas das várias etapas do Movimento. Temos a experiência dos mais velhos como Dodora e outros; a vibração dos jovens como a Lucimária, que coordena o Movimento na Comunidade de Queimadas do Cedro, além de ser presidente da ACTAMARES, Neria que além de fazer parte da coordenação atua no Bazar e na comissão de saúde, Ducarmo mulher forte que faz parte coordenação do MCP Sival que atua como capoeirista e faz parte da coordenação e tem como missão articular a juventude, Simone esposa de Joao que de sua forma está crescendo no MCP e sua atuação é no Bazar e na coordenação . Ana Gelice que é fruto da história do MCP na comunidade de Boa União principal articuladora naquela comunidade. Danila professora da escola jardim da comunidade.

João Carlos tesoureiro do GIC (grupo de investimento coletivo) continua sendo o principal articulador do MCP em Ichu, que junto com os seus mais de 40 membros e companheiros de caminhada , mantém o palco erguido para o Movimento se apresentar com o povo.

Redação do AL Notícias

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