Hô Sertão! Nº 51
Uma pequena homenagem as mães do nosso lindo Sertão. Mãe Bidúga, a parteira.
Maria da Anunciação Carneiro "Mãe BIDÚGA" |
Mãe Bidúga como ficou conhecida era filha
da parteira Mãe Duninha (Maria do Carmo Carneiro), Duninha era esposa
de Manoel da Circuncisão Carneiro (seu Né do Umbuzeiro). Biduga casou-se com o senhor João Alves Carneiro e desse casamento não
tiveram filhos, mas o casal criou uma menina chamada de Francisca.
Com o casamento de Francisca sua filha de
criação, mãe Bidúga despertou essa vocação de ser parteira. O primeiro
parto da sua filha Francisca, foi realizado pela Parteira Duninha (mãe
de Biduga), Biduga curiosa e atenciosa auxiliou sua mãe no parto da sua
Filha Francisca. A partir deste momento ela se sentiu chamada a ser
parteira e assumiu essa tão importante vocação daqueles tempos.
Mãe Bidúga fez pra mais de 200 partos na
região das fazendas Laranjo, Massapê e Pau D`arco. Inclusive teve um só
dia que a mesma foi procurada por três mulheres que estavam em período de
parto. Ela fazia por amor, não vendia esse seu dom, apenas fazia com
muito carinho e dedicação. Não se incomodava quando recebia um recado
que havia uma mulher incomodada para ganhar criança, saia de casa assim
que recebia o chamado, não colocando dificuldades, nem olhando o
horário, seja de dia ou de noite, na chuva ou no sol, no frio ou no
calor.
A casa da Parturiente como chamavam as
mulheres que estavam prestes a dar a luz, ficava cheia de mulheres que
vinham da redondeza e vizinhança para ajudar naquilo que fosse
necessário e principalmente para orar e rezar em favor da mulher que
estava sentindo as dores do parto, pois algumas delas vinham a óbitos
nos partos mais complexos. Então ao chegar na casa, mãe Biduga acalmava a
mulher e começava a fazer o procedimento com muito carinho e atenção.
Ela costumava rezar o ofício de Nossa Senhora em silêncio durante o
trabalho do parto. Após o nascimento da criança ela tinha todo o cuidado
de cortar e amarrar logo o umbigo, e em seguida colocava o bebê para
amamentar.
O Umbigo era amarrado com uma tira
(pedaço) de tecido, mãe Bidúga orientava as mães a passarem azeite de
mamona ou de licuri para a cicatrização e o facilitamento da queda do
umbigo. Após a queda do cordão umbilical, o mesmo era enterrado nas
proximidades da cancela do curral, que pela crença a criança teria sorte
na vida. Após também a queda do cordão umbilical, algumas vezes era
necessário colocar um pó feito a base da anti-casca da Aroeira (árvore
medicinal da caatinga), isso para facilitar a cicatrização do umbigo.
Caso a criança não conseguisse se
amamentar seja pela falta de leite materno ou por fraqueza, ela
imediatamente providenciava um mingau feito a base de água com farinha
de mandioca cessado em um pano, e dava com o seu dedo para a criança
comer. O recém-nascido assim que nascia tomava banho, as mães
recomendavam tomar banho e lavar os cabelos com agua “limpa” a partir do
trigésimo dia, antes disso apenas um banho rápido, e banho esse com
ervas medicinais, como por exemplo, alfavaca.
A parteira Mãe Bidúga, muitas vezes era presenteada com corte de
roupas, vasos de mantimentos, ou outros objetos do lar, além de receber
várias crianças para ser madrinha de batismo, tudo isso como forma de
agradecimento e reconhecimento de seu trabalho. Mas a sua alegria era
abençoar cada pessoa que por ela passava e lhe pedia a sua bênção.
Fonte de pesquisa: Francisca Cordeiro, Inês Carneiro
Texto por: Edcarlos Almeida
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