O sertão que vira mar e os sertões que viram cinema foram tema da mesa
que reuniu o professor e teórico de cinema Ismail Xavier e o cineasta
português Miguel Gomes neste sábado (13), na tenda principal da Flip.
Xavier, autor de "Sertão Mar: Glauber Rocha e a Estética da Fome", livro
relançado nesta edição da Festa Literária de Paraty, falou sobre o
diálogo entre o cineasta baiano e a obra de Euclides em "Deus e o Diabo
na Terra do Sol", filmado em 1963 por Glauber.
"A filmagem foi marcada pela atmosfera de expectativas de mudanças, de reformas de base", disse Xavier.
Miguel Gomes contou sobre o novo filme que vai fazer, também baseado no livro, que o cineasta leu por acaso em um voo de Portugal para o Brasil. "É uma das prosas mais poderosas da língua portuguesa", afirmou.
Gomes, que vai se mudar por um tempo para Canudos, quer ser fiel ao texto a seu modo. "A mitologia do sertão é tão real quanto as pedras."
Ele não quis dar spoilers do novo filme, mas contou que terá cerca de duas horas. O título escolhido é "Selvageria".
"Blaise Cendras queria traduzir 'Os Sertões' para o francês, com o título 'sauvagerie'. Ele não fez a tradução e eu roubei o título."
Voltando ao sertão-mar de Glauber em "Deus e O Diabo", Xavier disse que o filme era uma alegoria da esperança.
"Neste Brasil dos sonhos desfeitos, como falou José Murilo de Carvalho aqui na Flip, precisamos de um novo Glauber que nos traga a profecia de mudança novamente", disse Xavier.
O cineasta português quis encerrar a mesa com uma pequena nota de esperança. "De Portugal, vendo as notícias em jornais e TV sobre o Brasil, ficamos um pouco deprimidos. Mas estar na Flip, vendo brasileiros pensar o Brasil, é algo positivo. Tenho consciência que Paraty é uma bolha, mas é importante ter espaços onde o Brasil se pensa".
Com o tempo reservado à mesa já esgotado, a mediadora Marina Person afirmou que era mesmo o melhor para encerrar o evento, apesar de as perguntas da plateia ainda não terem sido lidas. "Disseram que o melhor é encerrar a mesa no seu auge. Depois desta apoteose, acho que podemos terminar", disse ela.
Miguel Gomes contou sobre o novo filme que vai fazer, também baseado no livro, que o cineasta leu por acaso em um voo de Portugal para o Brasil. "É uma das prosas mais poderosas da língua portuguesa", afirmou.
Gomes, que vai se mudar por um tempo para Canudos, quer ser fiel ao texto a seu modo. "A mitologia do sertão é tão real quanto as pedras."
Ele não quis dar spoilers do novo filme, mas contou que terá cerca de duas horas. O título escolhido é "Selvageria".
"Blaise Cendras queria traduzir 'Os Sertões' para o francês, com o título 'sauvagerie'. Ele não fez a tradução e eu roubei o título."
Voltando ao sertão-mar de Glauber em "Deus e O Diabo", Xavier disse que o filme era uma alegoria da esperança.
"Neste Brasil dos sonhos desfeitos, como falou José Murilo de Carvalho aqui na Flip, precisamos de um novo Glauber que nos traga a profecia de mudança novamente", disse Xavier.
O cineasta português quis encerrar a mesa com uma pequena nota de esperança. "De Portugal, vendo as notícias em jornais e TV sobre o Brasil, ficamos um pouco deprimidos. Mas estar na Flip, vendo brasileiros pensar o Brasil, é algo positivo. Tenho consciência que Paraty é uma bolha, mas é importante ter espaços onde o Brasil se pensa".
Com o tempo reservado à mesa já esgotado, a mediadora Marina Person afirmou que era mesmo o melhor para encerrar o evento, apesar de as perguntas da plateia ainda não terem sido lidas. "Disseram que o melhor é encerrar a mesa no seu auge. Depois desta apoteose, acho que podemos terminar", disse ela.
Por Iara Biderman | Folhapress
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