Os principais indicadores do mercado financeiro voltaram aos patamares
anteriores à aprovação da reforma da Previdência em primeiro turno na
Câmara dos Deputados, evento que guiou investidores no primeiro
semestre.
Nesta terça-feira (27), o dólar, pressionado pela aversão à emergentes e
por turbulências no governo —crise diplomática com a França, queda de
popularidade do presidente Jair Bolsonaro (PSL-RJ) e inquérito contra o
presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ)— foi ao maior patamar do
ano, em R$ 4,1580.
O valor é o maior desde 14 de setembro de 2018, período marcado pela tensão pré-eleitoiral, quando a moeda foi a R$ 4,1670.
A aprovação, por ampla margem de votos, do texto-base da reforma da Previdência no plenário da Câmara, em 10 de julho, levou o dólar a R$ 3,76. Na esteira do cenário favorável, a moeda chegou a mínima do ano na semana seguinte, quando fechou a R$ 3,73 em 18 de julho.
Já o risco-país do Brasil medido pelo CDS (Credit Defaut Swap) de cinco anos, uma espécie de seguro contra calote, foi ao menor patamar desde setembro de 2014, antes das eleições presidenciais que reelegeram Dilma Rousseff (PT), no dia de avanço da Previdência.
Com a escalada da guerra comercial entre Estados Unidos e China e desaceleração da economia global, o CDS voltou, em agosto, à pontuação anterior a aprovação da reforma. Ao fechamento do pregão desta terça, o indicador esta em 141 pontos, maior valor desde 8 de julho.
Também em agosto, a curva de contratos futuros de juros se inverteu para vencimentos a partir de 2021. Ou seja, o mercado precifica juros maiores hoje do que há um mês.
Segundo o fechamento desta terça, investidores precificam queda na taxa de juros até junho de 2020. Em 10 de julho, a queda se estendia até outubro de 2020.
A mudança também se dá no aumento de juros. No momento, investidores precificam juros de 0,15 a 0,4 ponto percentual maiores do que os patamares negociados em julho e semelhantes aos de junho.
O tese de que a taxa de juros deve subir de forma mais rápida a partir de 2021 embute o aumento do risco do crédito, ligado à saúde econômica do país.
A Bolsa também retrocedeu. Horas antes da aprovação da reforma em Plenário, o Ibovespa fechou em sua máxima histórica, a 105.817 pontos.
Em agosto, no entanto, o índice acumula queda de 4,75% e perdeu o patamar de 100 mil pontos, conquistado em junho.
Nesta terça, a Bolsa fechou em 97.276 pontos, alta de 0,88% em relação à véspera. O giro financeiro foi de R$ 20,677 bilhões, acima da média diária para o ano.
“Têm sido dias difíceis. Estamos em um movimento de aversão a risco há semanas. Enquanto a tensão entre EUA e China se manter, é difícil vermos uma mudança no mercado brasileiro”, afirma Fernanda Consorte, economista-chefe do Banco Ourinvest.
O real operou descolado da Bolsa neste pregão e chegou a bater R$ 4,196. Após intervenção do Banco Central, a moeda perdeu força e terminou cotada a R$ 4,1580, alta de 0,45%.
Para Consorte, a reputação do Brasil perante estrangeiros piorou nos últimos dias, com a crise diplomática em trono dos incêndios na Amazônia.
"Se não estivéssemos em um momento de aversão a risco, talvez a reação não fosse essa. Mas a crise na Amazônia pesou muito. Além disso, a popularidade do presidente segue caindo entre os Brasileiros, o que nos leva a questionarmos como serão os próximos 3 anos e meio", afirma.
A economista se refere a pesquisa do instituto MDA em parceria com a CNT (Confederação Nacional do Transporte), divulgada na véspera, que aponta que a avaliação positiva de Bolsonaro caiu de 39% para 29%, enquanto a percepção do governo ruim ou péssimo atinge 39,5% dos brasileiros, contra um percentual de 19% em fevereiro.
Outra preocupação do mercado é o inquérito da Polícia Federal que atribuiu a Rodrigo Maia os crimes de corrupção passiva, falsidade ideológica eleitoral (caixa dois) e lavagem de dinheiro envolvendo supostos repasses da Odebrecht. Maia é tido como o fiador das reformas preteridas pelo governo, sendo o principal articulador político dos projetos.
Para conter a alta da moeda americana, o BC vendeu dólares à vista, com taxa de corte de R$ 4,125 e lote mínimo de US$ 1 milhão, na primeira operação sem estar associada a nenhuma outra em cerca de uma década. O montante total negociado não foi divulgado.
O real acompanhou o movimento de desvalorização das moedas emergentes, que continuam a perder valor em relação ao dólar, na esteira da aversão dos investidores a risco, o que os leva a sair de emergentes e migrar para ativos mais seguros, como títulos americanos, ouro e dólar.
Este movimento é fruto da desaceleração da China e Alemanha, inversão da curva de juros de curto e longo prazo nos Estados Unidos —?precedente de recessões econômicas— e intensificação da guerra comercial entre China e Estados Unidos, com nova elevação das tarifas de importações entre os países na última sexta (23).
Na segunda (26), americanos e chineses concederam um alívio aos mercados ao afirmarem que devem retomar as negociações para um acordo em breve.
Porém, nesta terça (27), as Bolsas americanas voltaram a cair com o aumento do spread entre a rentabilidade do juros de três meses e 10 anos do tesouro americano. A diferença é a maior desde 2007, antes da última crise financeira.
No momento, o contrato do tesouro de três meses tem um retorno de 1,96% contra o rendimento de 1,47% do tesouro de dez anos.
No Brasil, há o agravante da crise na Argentina, seu terceiro maior parceiro comercial.
Na segunda, o FMI (Fundo Monetário Internacional) fez uma reunião com o candidato da oposição que tem larga vantagem na intenção de votos, Alberto Fernández.
O kirchnerista disse concordar com os objetivos do fundo de recuperar o crescimento econômico, criar empregos, reduzir a inflação e chegar a um caminho para diminuir a dívida pública. Fernández, no entanto, aproveitou a ocasião para acusar o FMI e o atual governo de terem gerado a crise na qual o país se encontra.
O governo de Mauricio Macri recorreu a um empréstimo de US$ 57 bilhões com o FMI para frear a crise na economia argentina.
Com a visita do FMI e aversão a emergentes, o peso argentino desvalorizou pelo quinto pregão seguido. O dólar foi a 56,25 pesos, maior patamar em duas semanas.
A aprovação, por ampla margem de votos, do texto-base da reforma da Previdência no plenário da Câmara, em 10 de julho, levou o dólar a R$ 3,76. Na esteira do cenário favorável, a moeda chegou a mínima do ano na semana seguinte, quando fechou a R$ 3,73 em 18 de julho.
Já o risco-país do Brasil medido pelo CDS (Credit Defaut Swap) de cinco anos, uma espécie de seguro contra calote, foi ao menor patamar desde setembro de 2014, antes das eleições presidenciais que reelegeram Dilma Rousseff (PT), no dia de avanço da Previdência.
Com a escalada da guerra comercial entre Estados Unidos e China e desaceleração da economia global, o CDS voltou, em agosto, à pontuação anterior a aprovação da reforma. Ao fechamento do pregão desta terça, o indicador esta em 141 pontos, maior valor desde 8 de julho.
Também em agosto, a curva de contratos futuros de juros se inverteu para vencimentos a partir de 2021. Ou seja, o mercado precifica juros maiores hoje do que há um mês.
Segundo o fechamento desta terça, investidores precificam queda na taxa de juros até junho de 2020. Em 10 de julho, a queda se estendia até outubro de 2020.
A mudança também se dá no aumento de juros. No momento, investidores precificam juros de 0,15 a 0,4 ponto percentual maiores do que os patamares negociados em julho e semelhantes aos de junho.
O tese de que a taxa de juros deve subir de forma mais rápida a partir de 2021 embute o aumento do risco do crédito, ligado à saúde econômica do país.
A Bolsa também retrocedeu. Horas antes da aprovação da reforma em Plenário, o Ibovespa fechou em sua máxima histórica, a 105.817 pontos.
Em agosto, no entanto, o índice acumula queda de 4,75% e perdeu o patamar de 100 mil pontos, conquistado em junho.
Nesta terça, a Bolsa fechou em 97.276 pontos, alta de 0,88% em relação à véspera. O giro financeiro foi de R$ 20,677 bilhões, acima da média diária para o ano.
“Têm sido dias difíceis. Estamos em um movimento de aversão a risco há semanas. Enquanto a tensão entre EUA e China se manter, é difícil vermos uma mudança no mercado brasileiro”, afirma Fernanda Consorte, economista-chefe do Banco Ourinvest.
O real operou descolado da Bolsa neste pregão e chegou a bater R$ 4,196. Após intervenção do Banco Central, a moeda perdeu força e terminou cotada a R$ 4,1580, alta de 0,45%.
Para Consorte, a reputação do Brasil perante estrangeiros piorou nos últimos dias, com a crise diplomática em trono dos incêndios na Amazônia.
"Se não estivéssemos em um momento de aversão a risco, talvez a reação não fosse essa. Mas a crise na Amazônia pesou muito. Além disso, a popularidade do presidente segue caindo entre os Brasileiros, o que nos leva a questionarmos como serão os próximos 3 anos e meio", afirma.
A economista se refere a pesquisa do instituto MDA em parceria com a CNT (Confederação Nacional do Transporte), divulgada na véspera, que aponta que a avaliação positiva de Bolsonaro caiu de 39% para 29%, enquanto a percepção do governo ruim ou péssimo atinge 39,5% dos brasileiros, contra um percentual de 19% em fevereiro.
Outra preocupação do mercado é o inquérito da Polícia Federal que atribuiu a Rodrigo Maia os crimes de corrupção passiva, falsidade ideológica eleitoral (caixa dois) e lavagem de dinheiro envolvendo supostos repasses da Odebrecht. Maia é tido como o fiador das reformas preteridas pelo governo, sendo o principal articulador político dos projetos.
Para conter a alta da moeda americana, o BC vendeu dólares à vista, com taxa de corte de R$ 4,125 e lote mínimo de US$ 1 milhão, na primeira operação sem estar associada a nenhuma outra em cerca de uma década. O montante total negociado não foi divulgado.
O real acompanhou o movimento de desvalorização das moedas emergentes, que continuam a perder valor em relação ao dólar, na esteira da aversão dos investidores a risco, o que os leva a sair de emergentes e migrar para ativos mais seguros, como títulos americanos, ouro e dólar.
Este movimento é fruto da desaceleração da China e Alemanha, inversão da curva de juros de curto e longo prazo nos Estados Unidos —?precedente de recessões econômicas— e intensificação da guerra comercial entre China e Estados Unidos, com nova elevação das tarifas de importações entre os países na última sexta (23).
Na segunda (26), americanos e chineses concederam um alívio aos mercados ao afirmarem que devem retomar as negociações para um acordo em breve.
Porém, nesta terça (27), as Bolsas americanas voltaram a cair com o aumento do spread entre a rentabilidade do juros de três meses e 10 anos do tesouro americano. A diferença é a maior desde 2007, antes da última crise financeira.
No momento, o contrato do tesouro de três meses tem um retorno de 1,96% contra o rendimento de 1,47% do tesouro de dez anos.
No Brasil, há o agravante da crise na Argentina, seu terceiro maior parceiro comercial.
Na segunda, o FMI (Fundo Monetário Internacional) fez uma reunião com o candidato da oposição que tem larga vantagem na intenção de votos, Alberto Fernández.
O kirchnerista disse concordar com os objetivos do fundo de recuperar o crescimento econômico, criar empregos, reduzir a inflação e chegar a um caminho para diminuir a dívida pública. Fernández, no entanto, aproveitou a ocasião para acusar o FMI e o atual governo de terem gerado a crise na qual o país se encontra.
O governo de Mauricio Macri recorreu a um empréstimo de US$ 57 bilhões com o FMI para frear a crise na economia argentina.
Com a visita do FMI e aversão a emergentes, o peso argentino desvalorizou pelo quinto pregão seguido. O dólar foi a 56,25 pesos, maior patamar em duas semanas.
Por Júlia Moura | Folhapress / Do BN
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