O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, autorizou
nesta quarta-feira (19) envio da Força Nacional de Segurança Pública ao
Ceará. Moro atendeu ao pedido de reforço na segurança feito pelo
governador do estado, Camilo Santana (PT), que enfrenta um motim de
parte da Polícia Militar.
Desde a noite de terça-feira (18), PMs cearenses protestam contra a
proposta de reestruturação salarial feita pelo governo. Nesta quarta, o
senador Cid Gomes (PDT) foi baleado após tentar invadir um quartel
ocupados por policiais. Em ofício, Moro afirmou que recebeu informações
de Camilo "sobre movimento paredista da polícia do estado" e solicitação
do "envio da Força Nacional de Segurança Pública para colaborar com as
forças de seguranças estaduais na garantia da lei e da ordem".
Moro determinou "à Polícia Federal, à PRF (Polícia Rodoviária
Federal) e à Força Nacional de Segurança Pública que adotem as medidas
possíveis com vistas a prestar o apoio necessário". De acordo com o
ministro, a primeira equipe da Força Nacional chegará ao Ceará nesta
quinta-feira (20), após as 14 horas. Em 48 horas, chegará ao estado o
reforço da PRF. Moro recomentou ainda que "sejam tomadas as necessárias
providências para que o movimento paralisação seja encerrado o mais
brevemente possível".
Esta é a segunda vez que o ministro desloca agentes federais para
o Ceará. Em janeiro de 2019, durante ações de facções criminosas por
todo o estado, o ministério enviou homens da Força Nacional para
auxiliar no policiamento. Em 2017, os ministros do Supremo Tribunal
Federal confirmaram a proibição das paralisações de servidores que atuam
na segurança pública. A regra serve para agentes das polícias Civil,
Militar, Federal, Rodoviária Federal, Ferroviária Federal e do Corpo de
Bombeiros, além de funcionários das áreas administrativas.
No fim da tarde desta quarta, o senador Cid Gomes foi baleado em
Sobral (a 270 km de Fortaleza), ao avançar com uma retroescavadeira
contra o portão de um quartel tomado por policiais militares que fazem
motim. O Hospital do Coração da cidade, onde o senador foi internado,
disse que Cid foi vítima de ferimento por arma de fogo em região
torácica. Afirmou ainda que ele apresentava boa evolução clínica,
estando "lúcido e respirando sem auxílio de aparelhos".
Cid Gomes, que tem 56 anos e está licenciado do Senado desde dezembro
para atuar nas eleições municipais no Ceará, dirigia a retroescavadeira
e tentou investir contra o portão do batalhão tomado por PMs. O trator
foi alvejado e teve os vidros estilhaçados.Até esta quarta, três
policiais foram presos e 261 eram investigados por participarem do motim
no Ceará, que foi proibido na segunda (17) pela Justiça.
Em meio aos atos, dois batalhões foram atacados por homens encapuzados, que roubaram dez viaturas em uma das unidades e esvaziaram pneus dos carros em outra. Na segunda-feira, a Justiça havia determinado, a pedido do Ministério Público do Ceará, que agentes de segurança poderiam sofrer sanções e até serem presos por promoverem movimentos grevistas ou manifestações no estado.
Em meio aos atos, dois batalhões foram atacados por homens encapuzados, que roubaram dez viaturas em uma das unidades e esvaziaram pneus dos carros em outra. Na segunda-feira, a Justiça havia determinado, a pedido do Ministério Público do Ceará, que agentes de segurança poderiam sofrer sanções e até serem presos por promoverem movimentos grevistas ou manifestações no estado.
Em um dos ataques, no batalhão no bairro do Papicu, em Fortaleza,
cerca de dez viaturas foram levadas. Em outro, na Barra do Ceará, também
na capital, os carros tiveram os pneus esvaziados. O governo vai
investigar as ações, mas o secretário da Segurança, André Costa, disse
nesta quarta que pode haver policiais e esposas de policiais envolvidos
nas ações. Os protestos já chegam a ao menos a sete cidades do interior
do Ceará. Em Sobral, homens encapuzados, com o corpo para fora das
janelas de viaturas da Polícia Militar, circularam pelo centro da cidade
ordenando que comerciantes fechassem as portas.
Muitos só reabriram as lojas após a chegada de policiais civis e
guardas municipais, que estão patrulhando algumas cidades em razão da
paralisação de parte da PM. Desde o início de 2020, o governo de Camilo
Santana e associações dos policiais e bombeiros militares negociam uma
reestruturação salarial. Nesta terça-feira a proposta final foi enviada
para a Assembleia Legislativa, que vai discutir o projeto e votar, mas
parte da categoria não ficou satisfeita com o que foi definido.
A proposta de reestruturação salarial enviada prevê aumento de cerca
de R$ 3.400 para cerca R$ 4.500 no salário dos soldados. O pagamento
será feito em três parcelas (em março de cada ano) até 2022.
Inicialmente o oferecido havia sido aumento para R$ 4.200, em quatro
parcelas, mas foi revisto após as associações que representam a classe
terem rejeitado a oferta. O governador disse que a proposta já está no
limite do que o estado pode oferecer. O deputado estadual Soldado Noelio
(Pros), que participou da negociação com o governo, diz que o projeto
não satisfaz a categoria por não apresentar um plano de carreira para os
policiais e bombeiros militares.
Segundo o governo, os policiais que participarem de protestos ou
abandonarem o serviço serão excluídos da folha de pagamento. "Os
comandos não irão tolerar atos de indisciplina e quebra de hierarquia",
diz a nota do governo.
ENTENDA O MOTIM DA PM NO CEARÁ
O que querem os PMs?
Pedem que o governo refaça a proposta de reestruturação salarial enviada na terça (18) para a Assembleia. O projeto de lei prevê aumento de salário para os soldados da PM e para bombeiros de R$ 3.475 para R$ 4.500, com reajuste parcelado em três vezes até 2022. Os PMs demandam que o pagamento seja feito em apenas uma parcela e que seja apresentado um plano de carreira para a categoria.
Quando o motim começou?
Na tarde de terça (18). Desde a madrugada de quarta (19), pessoas encapuzadas passaram a invadir quartéis. Em um deles, em Fortaleza, dez viaturas foram levadas. Em outro, carros e motos tiveram os pneus esvaziados. Três policiais militares foram presos e 261 estão sendo investigados por participação nos atos.
PMs podem fazer greve?
Não. Greve é proibida para agentes das polícias Civil, Militar, Federal, Rodoviária Federal, Ferroviária Federal e Corpo de Bombeiros.
Qual o cenário político no estado atualmente?
O principal pré-candidato da oposição à prefeitura de Fortaleza na eleição de 2020 é o deputado federal Capitão Wagner (Pros), ex-integrante da PM e que, entre 2011 e 2012, liderou greve dos policiais militares quando Cid Gomes era o governador. Hoje, a prefeitura da capital é comandada pelo PDT de Ciro e Cid Gomes, com Roberto Cláudio, mas ele está em segundo mandato. Ainda não há um nome de consenso entre os governistas para a disputa. O governo é comandado por Camilo Santana (PT), aliado de Ciro e Cid Gomes.
O que querem os PMs?
Pedem que o governo refaça a proposta de reestruturação salarial enviada na terça (18) para a Assembleia. O projeto de lei prevê aumento de salário para os soldados da PM e para bombeiros de R$ 3.475 para R$ 4.500, com reajuste parcelado em três vezes até 2022. Os PMs demandam que o pagamento seja feito em apenas uma parcela e que seja apresentado um plano de carreira para a categoria.
Quando o motim começou?
Na tarde de terça (18). Desde a madrugada de quarta (19), pessoas encapuzadas passaram a invadir quartéis. Em um deles, em Fortaleza, dez viaturas foram levadas. Em outro, carros e motos tiveram os pneus esvaziados. Três policiais militares foram presos e 261 estão sendo investigados por participação nos atos.
PMs podem fazer greve?
Não. Greve é proibida para agentes das polícias Civil, Militar, Federal, Rodoviária Federal, Ferroviária Federal e Corpo de Bombeiros.
Qual o cenário político no estado atualmente?
O principal pré-candidato da oposição à prefeitura de Fortaleza na eleição de 2020 é o deputado federal Capitão Wagner (Pros), ex-integrante da PM e que, entre 2011 e 2012, liderou greve dos policiais militares quando Cid Gomes era o governador. Hoje, a prefeitura da capital é comandada pelo PDT de Ciro e Cid Gomes, com Roberto Cláudio, mas ele está em segundo mandato. Ainda não há um nome de consenso entre os governistas para a disputa. O governo é comandado por Camilo Santana (PT), aliado de Ciro e Cid Gomes.
Por Folhapress
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