O advogado Antônio Campos, irmão do ex-governador de Pernambuco
Eduardo Campos e filho da ministra do TCU (Tribunal de Contas da União)
Ana Arraes, pediu proteção de vida na tarde desta terça-feira (11) ao
ministro da Justiça, Sergio Moro.Sem apresentar detalhes publicamente,
ele relata que vem sofrendo ameaças de morte por denunciar
irregularidades que teriam sido praticadas pelo PSB (Partido Socialista
Brasileiro) em Pernambuco.
Tonca, como é conhecido no estado, preside a Fundaj (Fundação Joaquim
Nabuco), ligada ao MEC (Ministério da Educação). No documento, também
encaminhado à superintendência da Polícia Federal em PE e à Procuradoria
da República no estado, Antônio Campos diz que na última sexta-feira
(8) prestou depoimento como testemunha ao MPF (Ministério Público
Federal).
Ele declara que apresentou documentos sobre as ameaças. Procurado
pela reportagem, o advogado Weryd Simões disse que não poderia entrar em
detalhes porque o caso estaria em sigilo. As ameaças teriam se
intensificado, conforme Antônio Campos, após ter concedido entrevista à
revista Época. O veículo publicou reportagem sobre desentendimentos na
família Campos. Após a morte de Eduardo Campos, em agosto de 2014, Tonca
rompeu com a viúva do ex-governador, Renata Campos.
“Considerando a relevância de minhas declarações para esclarecimentos
de fatos em investigação e que venho sofrendo ameaças diretas e
veladas, venho comunicar tal fato que me encontro sob risco de vida,
necessitando da proteção estatal, tanto para proteger minha integridade
física, como para garantir o que preciso ainda testemunhar”, diz no
documento. Em dezembro, após receber críticas do deputado federal João
Campos (PSB), sobrinho de Tonca, durante audiência na Câmara, o ministro
da Educação, Abraham Weintraub, lembrou que o tio do parlamentar
trabalhava com ele no MEC.
No mesmo momento, João disse que não tinha relação com Antônio Campos
e destacou que ele era um “sujeito pior” do que o ministro. A
declaração foi reprovada publicamente pela avó do deputado, a ministra
do TCU Ana Arraes. Em nota após o episódio, Antônio Campos disse que
João havia “sido nutrido na mamadeira da Odebrecht”, a principal
construtora apontada pela Lava Jato como integrante de financiamento
ilegal de campanhas políticas.
Questionado sobre o depoimento de Antônio Campos, a Procuradoria da
República em Pernambuco comunicou que não falaria sobre o assunto. A
Polícia Federal informou que ainda não havia decisão sobre o pedido. Em
nota, o PSB refutou o que classificou de insinuações do advogado Weryd
Simões de que as supostas ameaças sofridas por seu cliente teriam alguma
relação com membros do partido. "Relacionar a prática de ameaças ao PSB
é desconhecer a história do partido", diz o comunicado da sigla.
Por João Valadares | Folhapress
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