O adiamento da Micareta de Feira de Santana, devido aos dois casos de
coronavírus já confirmados na cidade e outros que estão em investigação,
foi proposto durante uma reunião de Fiscalização Preventiva Integrada
(FPI) realizada na manhã desta terça-feira (10) com a presença de forças
de segurança, empresários de camarotes e pessoas que participam da
festa.
Segundo o secretário municipal de Cultura, Esporte e Lazer, Edson
Borges, a sugestão foi muito importante, pois representa uma vontade
colegiada. Ele afirmou que na medida que a FPI faz uma sugestão desse
tipo, quer dizer que todos que participaram da reunião estão dividindo
essa responsabilidade.
“O coronavírus é a polêmica da vez, houve uma discussão muito boa, pois
aqui participou a presidente do comitê criado pelo governo para
monitorar o coronavírus no município, participou o promotor público Audo
Rodrigues, que está colhendo informações a respeito desse problema para
ver as providências que o Ministério Público vai tomar, participou a
secretária municipal de Saúde. Houve uma proposta do major Lucio da
Polícia Militar, no sentido de que se considerasse a possibilidade de
adiamento da festa. Essa proposta foi colocada em votação e a proposta
será levada ao prefeito Colbert Martins”, informou o secretário ao
Acorda Cidade.
Edson Borges afirmou que os empresários de camarotes que participaram da reunião não contestaram a proposta, pois acham que é mais prudente definir se terá ou não o adiamento da festa, já que tem que haver um prazo, pois eles dependem de vendas e fazem uma série de investimentos.
Montagem dos camarotes
Eudes Bacelar, responsável pela montagem dos camarotes, afirmou que a
maior preocupação é com a indefinição, se vai ter o adiamento ou não da
festa. Ele lembra que a micareta é uma festa muito importante que gera
muitos empregos para a cidade. O empresário disse que espera que seja
decidido pelos órgãos públicos para que não comece a fazer a montagem
dos equipamentos e tenha que vir a desmontar, o que geraria um prejuízo
considerável.
“No caso da minha empresa, a gente dobra o nosso quadro e fazemos um investimento muito grande para a compra de novos equipamentos, manutenção e aquisição de novas peças para montar os equipamentos. A reunião foi muito importante com a FPI, que tocou em pontos fundamentais para a situação atual da saúde pública e na questão da festa, então a gente precisa que seja considerado pontos importantes, como a segurança, a prevenção a vida e que se tenha uma decisão o mais rápido possível para que não tenha essa estabilidade nem psicológica, nem financeira para as empresas”, destacou.
A Polícia Militar
O Major Lúcio, da Polícia Militar, afirmou ao Acorda Cidade que todos os
técnicos presentes na reunião analisaram as circunstâncias de segurança
e de viabilidade da Micareta e que o posicionamento da PM dentro do FPI
é um posicionamento de cautela, para que possa ser feita uma leitura
com o máximo de antecedência possível dos riscos causados pelo novo
coronavírus.
“Já existem diversos fatos, a gente pode observar que Feira de Santana, infelizmente, no cenário de estado foi onde apareceu os dois casos e que a gente tem que pensar de forma bem cautelosa, para não mancharmos o evento com uma situação de não prevenção. A Polícia Militar é cautelosa para o momento, nós não temos sustentação para responder a questão de acontecer ou não a festa. No nosso entendimento, deveríamos adiar no sentido de ter mais tempo para fazer uma análise mais criteriosa dos riscos que causaria o evento para nossa comunidade”, avaliou.
O Ministério Público
O promotor de justiça, Audo Rodrigues, também participou da reunião e
fez uma avaliação positiva, especialmente pela forma como a situação foi
abordada pela Fiscalização Preventiva Integrada (FPI), que reconheceu
os riscos da festa.
“Os próprios empresários que estavam presentes, que não fazem parte da FPI, mas fazem parte da reunião, concordaram com a proposta que foi levantada pela Policia Militar no sentido de já levar ao prefeito municipal uma proposta de adiamento da festa. Isso já se resolveria imediatamente, acalmaria os ânimos e no momento oportuno se pensaria na data provável para se retomar os trabalhos da Micareta, que é uma festa de anos, eu diria como patrimônio cultural da cidade, mas que os riscos requerem cautela”, alertou.
Segundo o promotor, na reunião, ele apresentou qual o papel do Ministério Público neste aspecto, o que o órgão pensa em fazer com relação a essa situação e destacou que a intenção do trabalho do MP é agir dentro de uma proposta técnica que exista pelo possível risco de danos irreparáveis ao todo para a população de Feira de Santana.
“Vamos aguardar os laudos para saber se pode ter ou não a Micareta. São situações sérias, que precisam ser analisadas com uma coletividade na área de saúde. No momento o Ministério Público não pode tomar uma decisão de dizer até quando pode esperar para adiar ou não a festa, pois ainda existem incertezas na proliferação da doença. Os cientistas ainda não trouxeram muitos dados de como se transmite, o período assintomático e não se tem ainda muita formalização de conteúdo científico no tocante ao público”, disse o promotor ao Acorda Cidade.
Objetivo da FPI
O secretário Edson Borges informou também que a reunião de FPI tem por
objetivo repassar recomendações básicas que os proprietários de
camarotes devem obedecer se não quiserem ter os camarotes embargados
para a micareta.
“Foram repassadas pelo Corpo de Bombeiros, pela secretaria de Desenvolvimento Urbano e demais órgãos, todas as recomendações de segurança que os donos de camarotes têm que tomar, desde a elaboração de projetos, fiscalização, montagem. são recomendações básicas”, afirmou.
Daniela Cardoso com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade.
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