O presidente Jair Bolsonaro afirmou que está faltando "humildade"
ao ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, nesta quinta-feira (2).
"Tá faltando um pouco mais de humildade pro Mandetta", disse o
presidente. "O Mandetta em alguns momentos teria que ouvir um pouco mais
o presidente da República", afirmou em entrevista à Jovem Pan. Segundo
Bolsonaro, o ministro "extrapolou um pouco" na crise do coronavírus.
De acordo com a Folha de São Paulo, o ministro da Saúde afirmou que
não iria comentar. "Nunca fiz nenhum comentário sobre as ações dele. Não
se comenta o que o presidente da República fala."
"O Mandetta já sabe que a gente tá se bicando há um tempo", disse o
presidente. Bolsonaro nega, porém, que pretenda demitir o ministro que
ganhou protagonismo no combate à pandemia do novo coronavírus. "Não
pretendo demiti-lo no meio da guerra."
"Agora, ele [Mandetta] é uma pessoa que em algum momento extrapolou", declarou o presidente.
Bolsonaro diz que montou um ministério de acordo com sua vontade. "A gente espera que ele [Mandetta] dê conta do recado agora."
Os ministros Sergio Moro (Justiça) e Paulo Guedes (Economia)
uniram-se nos bastidores no apoio a Mandetta e na defesa da manutenção
das medidas de distanciamento social e isolamento da população no
combate à pandemia.
O trio formou uma espécie de bloco antagônico, com o apoio de setores
militares, criando um movimento oposto ao comportamento do presidente
Bolsonaro, contrário ao confinamento das pessoas, incluindo o fechamento
do comércio.
Pressionado, o titular da Saúde deixou claro ao presidente, em
reunião no último sábado (28), que não vai se demitir nem mudar de
posição.
Mandetta foi aconselhado por aliados a se manter firme por ter se
tornado “indemissível” num momento de pandemia. Se partir de Bolsonaro
uma decisão de retirá-lo de sua equipe, caberá ao presidente assumir o
ônus.
“Enquanto eu estiver nominado, vou trabalhar com ciência, técnica e
planejamento”, disse Mandetta em entrevista na última segunda-feira
(30).
Uma intervenção de Bolsonaro, no entanto, já busca tirar a
visibilidade do ministro da Saúde, como ocorreu na apresentação do
cenário diário da pandemia —transferida agora para o Planalto e com a
participação de outros titulares de pastas do governo, e não só de
Mandetta.
No campo político, o ministro da Saúde conta com o apoio dos
presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre
(AP), ambos do DEM, partido de Mandetta. É endossado ainda pelos
principais governadores e prefeitos.
Segundo o Datafolha, o trabalho da pasta de Mandetta na crise do
coronavírus é aprovado por 55% da população. O índice é bem superior aos
35% que aprovam o trabalho de Bolsonaro, e próximo aos 54% que aprovam a
gestão dos governadores em relação ao coronavírus.
Do Bahia Notícias
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