Neste período de quarentena, iniciado no dia 21 de março em Feira de
Santana para controle da disseminação da Covid-19, foram registrados no
município 54 assassinatos. O número é maior que no mesmo período do ano
passado, quando ocorreram 36 Crimes Violentos Letais Intencionais
(CVLIs).
Partindo da conjectura sobre a forma como os homicídios são praticados
em via pública, supõe-se que isolamento social ajudaria a reduzir esses
índices, e que o aumento aponta o descumprimento da recomendação de
ficar em casa. Por outro lado, é preciso uma análise mais aprofundada
para associar ou não esse aumento, neste período, ao contexto da
pandemia, principalmente porque esse índice já vinha aumentando desde
2019.
Para o delegado Roberto Leal, coordenador regional de polícia (1ª Coorpin), esse número de CVLIs é preocupante, e a polícia tem realizado ações para reduzir esse índice. Segundo ele, a presença das pessoas nas ruas favorecem os homicídios, porém não vai explicar toda a complexidade que envolve o aumento da criminalidade em Feira.
Foto: Aldo Matos/Acorda Cidade |
“Alguns desses homicídios, como a gente diz aqui, é o momento da
oportunidade. Um desafeto já o procura e aproveitou aquele momento que
foi visto em via pública e acabou cometendo o crime. Eu acredito que sim
[que o descumprimento do isolamento social tenha favorecido]. É um dos
fatores que acaba contribuindo, mas não vai exclusivamente explicar todo
um fenômeno do aumento aqui da criminalidade”, informou em entrevista
ao Acorda Cidade.
Liberação do conjunto penal
Questionado sobre o fato de ter detentos do Conjunto Penal de Feira de
Santana liberados do presídio por conta da pandemia, possa ser um dos
fatores motivadores deste aumento, o delegado indicou que sim.
“Um fato só não vai explicar a motivação de tantos casos em Feira de
Santana, mas sim, a gente entende que a liberação pode ter ocasionado
esses meios necessários para o cometimento do crime. A gente sabe que
essas pessoas são inseridas em alguns grupos de criminosos. Quando elas
saem - sabendo que recebem alguma determinação ou têm problemas que
ocorreram durante a permanência no presídio ou mesmo rixas anteriores -,
vão para a rua e acabam cometendo novamente os crimes. São criminosos,
pessoas que estão à margem da lei. A saída é um dos itens que a gente
pontua pelo aumento da criminalidade”, destacou.
Combate aos homicídios e tráfico de drogas
Ainda segundo o delegado, o combate aos homicídios envolve ações contra o
tráfico de drogas, motivação da maioria dos crimes praticados na
cidade.
“Este índice é extremamente preocupante, tão preocupante que a própria
Secretaria de Segurança Pública, delegado-geral e diretor do Derpin
estão nos auxiliando aqui em todos os meios necessários para que a gente
consiga aqui reduzi-lo. Sabemos que o envolvimento com o tráfico de
drogas em Feira de Santana é a maior motivação dos homicídios. Temos a
verificação dos bairros, temos a identificação dos criminosos,
inclusive, a área de atuação desses grupos que atuam com entorpecentes,
mas isso só não nos fornece meios para que a gente combata da melhor
forma possível. A gente precisa sair desse caminho e ir para o
enfrentamento direto, e isso está sendo feito. Precisamos enfrentar
diretamente o tráfico de entorpecentes porque é a mola mestre de toda
essa criminalidade e a gente precisa fazer isso. O que eu posso dizer é o
seguinte: estamos aqui nos empenhando de todas as formas, mas ciente de
que a gente precisa fazer o enfrentamento”, afirmou ao Acorda Cidade.
Feira de Santana já tem registrados 144 CVLIs neste ano, 10,12% a mais que no ano passado, no mesmo período.
“Vamos ter que trabalhar diariamente no enfrentamento direto ao tráfico
de entorpecente e a essas pessoas que estão matando. Identificar e
prender quem está na rua matando, se há vinculação com esses grupos
organizados, se há um mando superior...esse trabalho deve ser feito de
forma eficaz. A gente precisa fazer o trabalho e sentir o resultado,
estamos aqui e se precisar mudar o rumo do barco, vamos mudar no momento
certo. Mas o primordial hoje é o combate contra o tráfico. Precisamos
fazer isso de forma acintosa, precisamos prender mentores, lideranças do
tráfico, apreender entorpecentes, o patrimônio desse pessoal, e
identificar as rotas dessa droga”.
A Polícia Civil já cumpriu, neste mês, mais de 11 mandados de prisão de envolvidos com o homicídios. O deleagdo também destacou o trabalho das polícias Militar, Federal e Rodoviária Federal na apreensão de drogas e prisões de criminosos.
A Polícia Civil já cumpriu, neste mês, mais de 11 mandados de prisão de envolvidos com o homicídios. O deleagdo também destacou o trabalho das polícias Militar, Federal e Rodoviária Federal na apreensão de drogas e prisões de criminosos.
Andrea Trindade com informações do repórter Aldo Matos do Acorda Cidade
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