O atendimento será feito por teleconsulta, entre maio e setembro, e destinado a médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, entre outros. Ao todo, serão investidos R$ 2,3 milhões
Pensando na saúde mental dos milhares de profissionais de saúde que
estão à frente do combate à COVID-19, o Ministério da Saúde
disponibilizará, entre maio e setembro, um canal para teleconsulta
psicológica para esses trabalhadores. A iniciativa é um reconhecimento
da necessidade de apoio a esses profissionais que, pelo trabalho
intenso, com riscos de contaminação elevados e enfrentando condições
adversas, podem ter sintomas como ansiedade, depressão, irritabilidade,
transtorno de estresse agudo e burnout, dentre outros. Ao todo, serão
investidos R$ 2,3 milhões.
O canal telefônico, que será divulgado em maio, será destinado aos
médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas,
fonoaudiólogos, nutricionistas, biomédicos e farmacêuticos envolvidos
nos atendimentos de coronavírus, que se sentirem na condição de
sofrimento psíquico. O projeto piloto a nível nacional prevê o
atendimento de 10 mil horas, podendo ser expandido de acordo com a
procura. É a primeira vez que a psicoterapia será usada no
teleatendimento em um contexto de pandemia, por isso a proposta é também
oferecer material como manuais e vídeos produzidos para que a
experiência possa ser replicada em outros locais.
Segundo o secretário de Atenção Primária à Saúde (SAPS), Erno
Harzheim, a pandemia evidencia todo o potencial da Telemedicina e
Telessaúde para manejo clínico dos pacientes, suporte profissional e
organização do Sistema Único de Saúde. “O Ministério da Saúde lança um
dos maiores canais de teleconsulta para COVID-19 do mundo com o TeleSUS.
Agora, será possível ofertar teleconsulta de psicologia aos que estão
na linha de frente, garantindo a saúde da população brasileira durante a
epidemia", destacou.
O projeto será realizado em parceria com o Hospital das Clínicas de
Porto Alegre e contará com uma central de teleconsulta formada por
profissionais da Psicologia e Psiquiatria selecionados por edital e que
serão capacitados. Esse projeto prevê o desenvolvimento de estratégias
de teleintervenção embasadas em evidências científicas, na avaliação da
eficácia das diversas formas de teleintervenção no tratamento de
problemas de saúde mental relacionados à infecção por SARS-CoV-2 e para a
prevenção de futuros problemas de saúde mental.
Como será feito o atendimento
O profissional de saúde, ao realizar o primeiro contato por telefone,
irá escolher os melhores horários para o atendimento com o terapeuta.
Será enviado um link via WhatsApp para responder uma escala de avaliação
e assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Com o resultado
da avaliação, o terapeuta selecionará a melhor abordagem e tratamento
para o profissional de saúde naquele momento.
A teleconsulta será feita por videochamada, utilizando estratégias de
intervenção em situação de crise, por meio de técnicas da psicoterapia,
tais como: psicoeducação, psicoterapia cognitivo-comportamental e
psicoterapias interpessoais. Aqueles que forem identificados com
potencial de risco ou sintomatologia muito intensa serão encaminhados
para avaliação psiquiátrica. Havendo a necessidade de intervenção
farmacológica, o profissional será referenciado para atendimento
presencial.
Os profissionais que tiverem indicação para intervenção
psicoeducativa contarão com materiais e vídeos produzidos pela equipe
técnica responsável pelo projeto, coordenada pelo médico e doutor em
psiquiatria Giovanni Abrahão Salum, professor da Universidade Federal do
Rio Grande do Sul.
"Esperamos que os profissionais obtenham alívio para o seu sofrimento
utilizando o que já se sabe de intervenções que funcionam e que tem
base científica. O projeto testará também que tipo de técnica pode ser
mais adequada para essas situações de crise", colocou o coordenador.
Ainda segundo Salum, especialistas de universidades brasileiras já
estão desenvolvendo manuais para que o modelo de atendimento terapêutico
desenhado no projeto possa ser aplicado por outros profissionais do
país. A elaboração do projeto também contou com um dos maiores
especialistas mundiais na área de psicoterapia, Dr. Pim Cuijpers,
professor de psicologia clínica na Universidade de Vrij Amsterdam
(Holanda), e chefe do Departamento de Psicologia Clínica, Neurológica e
Desenvolvimental.
Por Nucom SAPS com Tinna Oliveira, da Agência Saúde / MS
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