A auxiliar de cozinha Noélia Carlos Assis de Jesus, 43 anos, está
vivendo um drama. Desesperada, com suspeita da Covid-19, ela teve
contato com um homem que testou positivo para o coronavírus e esteve
hospedado em um hotel onde ela trabalha. No
último dia 3, este hóspede também relatou ao Acorda Cidade as
dificuldades que enfrentou quando procurou uma unidade de saúde em Feira
de Santana.
Noélia relatou ao Acorda Cidade que está trancada em um quarto da
residência onde mora, desde quando começou a sentir os primeiros
sintomas. Ela reclama da falta de atenção das autoridades para realizar o
exame e confirmar se ela está ou não com a doença.
“Sexta-feira a tarde comecei a sentir alguns sintomas como dor de cabeça, febre, dores no corpo. No sábado os sintomas pioraram, eu liguei várias vezes para o número da Vigilância Epidemiológica e não consegui falar, teve um 0800 que mandavam eu aguardar para falar com alguém, depois a ligação caía. Liguei pro Samu, pois estava com medo de sair de casa, e o médico disse pra eu ficar em isolamento e entrar em contato com a Vigilância para comunicar o que eu estava sentindo. Fiquei fazendo isso durante o fim de semana, mas ninguém atendeu. No domingo os sintomas pioraram e chegou a falta de ar, passei mal, sem poder pedir socorro, pois ninguém queria me ajudar”, relatou.
Noélia conta que tem um irmão deficiente em casa, além dos filhos que
ficaram desesperados, pois ela estava passando mal dentro do quarto e
não abria a porta para que eles não entrassem em contato com ela. Ela
conta que mais uma vez ligou pro Samu, mas foi informada que eles não
poderiam atendê-la e que era pra ela se encaminhar para o atendimento
mais próximo de casa. Ela afirma que tentou ficar mais calma, pegou a
moto e fui sozinha para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro
Queimadinha.
“Lá me colocaram em uma sala, uma enfermeira perguntou se tive contato
com alguém infectado, eu falei que sim, o médico veio, passou dipirona e
mandou que eu procurasse um posto de saúde do bairro. Mas o posto de
saúde do bairro não é para atender uma pessoa que está com suspeita de
coronavírus. voltei pra casa, tomei o remédio e continuei tentando
ligar, mas não conseguia. Quando foi na segunda, senti de novo falta de
ar, ligamos pro Samu e disseram mais uma vez que não poderiam ir. Fiquei
em casa passando mal. Ainda na segunda, consegui ligar pra Vigilância,
eles atenderam, falaram que iam entrar em contato comigo, mas até terça
eles não entraram, então procurei a imprensa e então eles ligaram
dizendo que vinham colher meu sangue”, informou.
Apesar disso, até a tarde de quarta (8), quando falou à reportagem do
Acorda Cidade, a auxiliar de cozinha estava sem receber uma nova
informação de quando seria atendida. Ela criticou a saúde pública de
Feira de Santana.
“É uma vergonha. Eles falam na imprensa que estão fazendo, mas não estão
fazendo nada. Estou dentro de casa, trancada, com medo de sair e até
agora ninguém da secretaria de saúde fez nada por mim. Quero saber o que
tenho que fazer, se vou ficar aqui até ficar boa, ou morrer e esperar o
DPT chegar pra retirar o corpo”, afirmou com revolta.
Após a reportagem, Noélia Carlos Assis de Jesus disse ao Acorda Cidade que uma equipe da Vigilância Epidemiológica informou que até o próximo sábado (11) será colhido o material para ser entregue ao Laboratório Central de Saúde Pública da Bahia (Lacen) para confirmar ou não se ela está infectada com a covid-19.
Após a reportagem, Noélia Carlos Assis de Jesus disse ao Acorda Cidade que uma equipe da Vigilância Epidemiológica informou que até o próximo sábado (11) será colhido o material para ser entregue ao Laboratório Central de Saúde Pública da Bahia (Lacen) para confirmar ou não se ela está infectada com a covid-19.
Daniela Cardoso e Ney Silva / Acorda Cidade
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