Ao menos quatro partidos já se declaram de portas abertas para que Sergio Moro dispute a Presidência da República em 2022.
A decisão transmitida a aliados pelo ex-juiz e ex-ministro da Justiça,
no entanto, é por ora congelar esse debate. Colocar de pé neste momento
um projeto político, tem dito Moro, apenas daria munição para o
presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no embate entre ambos.
A primeira legenda a oferecer filiação a Moro foi o Podemos, ainda no
ano passado. Naquele momento, a discussão não foi adiante porque o
ex-responsável pela Lava Jato queria manter sua imagem de ministro
técnico e acima das disputas políticas, à frente de uma das pastas mais
sensíveis da máquina federal.
Este sentimento de cautela se mantém, afirma o senador Alvaro Dias (PR). "Não quero colaborar com os adversários dele, que certamente utilizariam a simples especulação de uma filiação para acusá-lo de ter deixado o governo apenas em razão de um projeto eleitoral", afirma.
Defensor ferrenho da Lava Jato, Dias disputou a Presidência em 2018 e, já durante a campanha, disse que convidaria Moro para seu ministério, caso eleito. Mas teve a ideia roubada por Bolsonaro.
Segundo o senador, nada mudou na posição do Podemos de sonhar com a filiação de Moro, mas o mais sensato nesse momento é não tratar do assunto. "Não é nem questão de descartar ou cogitar uma candidatura, mas simplesmente de não falar no assunto", afirmou.
No meio político, Moro já foi informalmente lançado à Presidência por algumas figuras políticas desde que se demitiu na sexta-feira da semana passada, acusando Bolsonaro de tentar controlar politicamente a Polícia Federal.
A principal apoiadora deste projeto é a líder do PSL na Câmara, Joice Hasselmann (SP). "Quero gritar aos quatro ventos em 2022: Moro presidente!", escreveu ela em seu perfil no Twitter.
Presidente nacional do partido, o deputado federal Luciano Bivar (PE) diz que vê em Moro um autêntico representante da direita liberal, condizente com o ideário do PSL. "O PSL hoje é um partido que não está ligado ao centrão. É um partido que não é de esquerda, é um partido liberal. E que preserva as instituições democráticas", afirma Bivar.
Segundo ele, essas características fazem do partido uma opção natural para o ex-juiz. O envolvimento do partido no escândalo das candidaturas laranjas, revelado pela Folha de S.Paulo, não é algo que hoje preocupe, diz Bivar. "Nós hoje temos um sistema de prestação de contas cristalino, totalmente transparente", afirma.
Ele também afirma que é preciso esperar o desenlace do embate do ex-ministro com Bolsonaro para conversar sobre uma possível candidatura. "Naturalmente, agora ele está num momento sabático, de meditação. Vir nesse momento para o partido seria criar uma situação de afrontamento contra o presidente. Qualquer injunção nossa agora seria inoportuna", declara.
Outra legenda aberta ao ex-juiz é o Patriota, com quem Bolsonaro chegou a negociar filiação, antes de optar pelo PSL, em 2018. Adilson Barroso, presidente nacional do partido, afirma que ainda não procurou Moro desde que ele saiu do governo, mas que está aberto a isso futuramente.
"O Patriota é um partido que não está envolvido em nada de roubalheira, está sempre limpo. Se Moro vai para um partido abutre, automaticamente vai pesar no ombro dele os casos de corrupção no partido", afirma.
Fundador do Partido Novo, João Amoedo afirmou à reportagem que "qualquer partido sério gostaria de ter Moro nos seus quadros". Isso não significaria necessariamente, segundo ele, que o ex-ministro seria o candidato a presidente pela legenda.
O próprio Amoêdo, que disputou a eleição em 2018, é apontado como presidenciável novamente em 2022. "Não há nenhum compromisso meu de ser candidato. O partido vai decidir o que for melhor lá na frente."
Podemos, PSL, Novo e Patriota (que incorporou o PRP) cumpriram a cláusula de barreira na eleição e teriam direito a participar de debates durante a campanha, o que poderia ser um chamariz para o ex-ministro, caso opte pela disputa presidencial.
Moro já recebeu alguns apoios pontuais a uma candidatura presidencial, como do ex-deputado federal tucano Xico Graziano, que estava alinhado a Bolsonaro antes da crise.
Segundo Graziano, o ex-ministro pode representar uma terceira via entre o presidente e a esquerda na próxima eleição. "Só há um vencedor nesse episódio, Sergio Moro. Será ele o aglutinador da esperança nacional contra a velha política", escreveu.
O ex-juiz também recebeu diversos acenos de militares, embora nenhum deles tenha dado apoio explícito a uma campanha presidencial.
Um exemplo eloquente veio do presidente do Clube Militar, general Eduardo José Barbosa, que soltou uma nota em defesa do ex-ministro na última sexta-feira (24). "Com certeza, [a saída de Moro é] uma vitória dos que defendem a impunidade dos corruptos poderosos", afirmou.
No Congresso, outro apoio relevante a Moro foi dado pelo deputado Capitão Augusto (PL-SP), coordenador da Frente Parlamentar da Segurança Pública, a "bancada da bala".
"Infelizmente o pronunciamento do presidente Bolsonaro não reverteu o quadro péssimo após a saída de Moro, talvez tenha piorado mais com os ataques", escreveu ele, na sexta-feira, após o discurso de resposta do presidente contra as acusações do ex-ministro.
Augusto, no entanto, acha que Moro não deve pensar em ser candidato a presidente, por uma questão pessoal, e não política.
"Moro saiu extremamente fortalecido. Para que ele vai passar por isso, expor a família dele a todo esse ódio? Eu se fosse ele me dedicava à vida acadêmica daqui para a frente, que inclusive paga bem melhor", disse o deputado à reportagem.
Este sentimento de cautela se mantém, afirma o senador Alvaro Dias (PR). "Não quero colaborar com os adversários dele, que certamente utilizariam a simples especulação de uma filiação para acusá-lo de ter deixado o governo apenas em razão de um projeto eleitoral", afirma.
Defensor ferrenho da Lava Jato, Dias disputou a Presidência em 2018 e, já durante a campanha, disse que convidaria Moro para seu ministério, caso eleito. Mas teve a ideia roubada por Bolsonaro.
Segundo o senador, nada mudou na posição do Podemos de sonhar com a filiação de Moro, mas o mais sensato nesse momento é não tratar do assunto. "Não é nem questão de descartar ou cogitar uma candidatura, mas simplesmente de não falar no assunto", afirmou.
No meio político, Moro já foi informalmente lançado à Presidência por algumas figuras políticas desde que se demitiu na sexta-feira da semana passada, acusando Bolsonaro de tentar controlar politicamente a Polícia Federal.
A principal apoiadora deste projeto é a líder do PSL na Câmara, Joice Hasselmann (SP). "Quero gritar aos quatro ventos em 2022: Moro presidente!", escreveu ela em seu perfil no Twitter.
Presidente nacional do partido, o deputado federal Luciano Bivar (PE) diz que vê em Moro um autêntico representante da direita liberal, condizente com o ideário do PSL. "O PSL hoje é um partido que não está ligado ao centrão. É um partido que não é de esquerda, é um partido liberal. E que preserva as instituições democráticas", afirma Bivar.
Segundo ele, essas características fazem do partido uma opção natural para o ex-juiz. O envolvimento do partido no escândalo das candidaturas laranjas, revelado pela Folha de S.Paulo, não é algo que hoje preocupe, diz Bivar. "Nós hoje temos um sistema de prestação de contas cristalino, totalmente transparente", afirma.
Ele também afirma que é preciso esperar o desenlace do embate do ex-ministro com Bolsonaro para conversar sobre uma possível candidatura. "Naturalmente, agora ele está num momento sabático, de meditação. Vir nesse momento para o partido seria criar uma situação de afrontamento contra o presidente. Qualquer injunção nossa agora seria inoportuna", declara.
Outra legenda aberta ao ex-juiz é o Patriota, com quem Bolsonaro chegou a negociar filiação, antes de optar pelo PSL, em 2018. Adilson Barroso, presidente nacional do partido, afirma que ainda não procurou Moro desde que ele saiu do governo, mas que está aberto a isso futuramente.
"O Patriota é um partido que não está envolvido em nada de roubalheira, está sempre limpo. Se Moro vai para um partido abutre, automaticamente vai pesar no ombro dele os casos de corrupção no partido", afirma.
Fundador do Partido Novo, João Amoedo afirmou à reportagem que "qualquer partido sério gostaria de ter Moro nos seus quadros". Isso não significaria necessariamente, segundo ele, que o ex-ministro seria o candidato a presidente pela legenda.
O próprio Amoêdo, que disputou a eleição em 2018, é apontado como presidenciável novamente em 2022. "Não há nenhum compromisso meu de ser candidato. O partido vai decidir o que for melhor lá na frente."
Podemos, PSL, Novo e Patriota (que incorporou o PRP) cumpriram a cláusula de barreira na eleição e teriam direito a participar de debates durante a campanha, o que poderia ser um chamariz para o ex-ministro, caso opte pela disputa presidencial.
Moro já recebeu alguns apoios pontuais a uma candidatura presidencial, como do ex-deputado federal tucano Xico Graziano, que estava alinhado a Bolsonaro antes da crise.
Segundo Graziano, o ex-ministro pode representar uma terceira via entre o presidente e a esquerda na próxima eleição. "Só há um vencedor nesse episódio, Sergio Moro. Será ele o aglutinador da esperança nacional contra a velha política", escreveu.
O ex-juiz também recebeu diversos acenos de militares, embora nenhum deles tenha dado apoio explícito a uma campanha presidencial.
Um exemplo eloquente veio do presidente do Clube Militar, general Eduardo José Barbosa, que soltou uma nota em defesa do ex-ministro na última sexta-feira (24). "Com certeza, [a saída de Moro é] uma vitória dos que defendem a impunidade dos corruptos poderosos", afirmou.
No Congresso, outro apoio relevante a Moro foi dado pelo deputado Capitão Augusto (PL-SP), coordenador da Frente Parlamentar da Segurança Pública, a "bancada da bala".
"Infelizmente o pronunciamento do presidente Bolsonaro não reverteu o quadro péssimo após a saída de Moro, talvez tenha piorado mais com os ataques", escreveu ele, na sexta-feira, após o discurso de resposta do presidente contra as acusações do ex-ministro.
Augusto, no entanto, acha que Moro não deve pensar em ser candidato a presidente, por uma questão pessoal, e não política.
"Moro saiu extremamente fortalecido. Para que ele vai passar por isso, expor a família dele a todo esse ódio? Eu se fosse ele me dedicava à vida acadêmica daqui para a frente, que inclusive paga bem melhor", disse o deputado à reportagem.
Por Fábio Zanini | Folhapress
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