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terça-feira, 21 de julho de 2020

Gêmeas que estavam há dois anos separadas se reencontram após serem adotadas por casal de Feira de Santana

A primeira a chegar na vida do casal foi Alice durante uma história difícil no hospital.
A história dessa reportagem até parece enredo de novela, filme ou narrativa de um livro. Mas, ela se passa em Feira de Santana e seus personagens principais são reais: a assistente social Ana Cristina Almeida, de 31 anos e o técnico em automação industrial Júlio Ramos, de 34 anos.

Eles estão juntos há 16 anos e tem 10 anos de casados. Sempre sonharam em ter uma família, mas jamais imaginariam que um dia teriam a família que tem hoje e nem que essa família aumentaria tão rápido, com a chegada em dois anos dos filhos: Alice, Aline e Pedro. Alice e Aline são as gêmeas de 2 anos e 10 meses que foram adotadas pelo casal e Pedro é o bebê que Ana Cristina teve há três meses, fruto de uma gestação espontânea.
A primeira a chegar na vida de Ana e Júlio foi Alice. Em seu trabalho como assistente social no Hospital Estadual da Criança (HEC), ela conheceu a garotinha com uma história difícil, com problemas de saúde e que foi colocada para adoção. Por saber da condição da menina, que nasceu com laringotraqueomalacia e ainda no primeiro mês de vida, foi traqueostomizada, Ana não pensou duas vezes e se candidatou para ser sua futura mamãe.

Conversou com o esposo, teve todo o apoio da família e assim iniciou o processo de adoção. Antes de levá-la para casa, o casal passou alguns dias com ela no HEC para aprender todos os cuidados que ela precisa no dia a dia e de acordo com Ana, atualmente ela já evoluiu com muita melhora, embora ainda precise da traqueostomia para respirar.

Quando Ana e Júlio adotaram Alice, sabiam que ela era gemelar e que o interesse da justiça é manter os irmãos juntos. Mas, até então não havia informações sobre Aline, a irmã gêmea de Alice.

“A família delas é nômade e até então Aline estava sumida. Ano passado ela foi encontrada e nós fomos procurados. Não tínhamos como dizer não e eu não saberia nunca olhar pra minha filha e dizer para ela que dei as costa pra sua irmã. Eu não conseguiria olhar para Alice linda, alegre e feliz e imaginar a irmã longe e talvez infeliz. O amor verdadeiro sempre dá espaço pra mais alguém, então iniciamos o procedimento para a vinda de Aline”, contou Ana ao Acorda Cidade.

Para Ana, pensar em aumentar a família de repente, era algo que lhe soava angustiante, principalmente em relação a parte financeira e o medo de não conseguir oferecer o melhor para as filhas. Paralelo a isso, ela engravidou de Pedro e o marido, tinha acabado de sair do trabalho.

“O medo bateu mesmo. Mas, saber o que estava acontecendo com ela e tudo que ela mesmo tão nova já tinha sofrido me dava a certeza de que se eu não pudesse dar o “melhor” financeiramente falando, eu poderia dar o que no momento ela mais precisava que era amor e família”, afirmou.
A chegada de Aline
Aline foi adotada por Ana e Júlio e chegou à casa do casal neste mês de julho. O encontro das irmãs, segundo Ana, foi repleto de muito amor e reconhecimento. O contato com o irmãozinho Pedro também foi marcado por muito afeto e os laços de família se fortaleceram ainda mais.

“O encontro delas foi a cena mais linda. Aline estava um pouco assustada, mas Alice é muito amora. Abraçou e acariciou a irmã. Tem pouco tempo que eles estão juntos, mas, Aline e Alice são muito amorosas com Pedro que elas chamam de neném. Eles estão se conhecendo e assumindo o papel de irmãos”, frisou. 

Rede de apoio e Campanha Solidária
Para cuidar das gêmeas e do bebê, Ana conta com uma rede de apoio muito forte tanto de membros da família dela, como da família de Júlio. Mesmo em tempos de pandemia, onde não é possível se abraçar, os familiares estão muito presentes nos cuidados e nas tarefas domésticas.

Atualmente Ana encontra-se de licença maternidade e com o marido desemprego, as finanças do casal para dar conta das três crianças começaram a apertar. Júlio está se virando com o trabalho informal, mas devido às restrições vividas pelo comércio, não avançou muito e a situação ficou difícil.

Foi então que amigos do hospital onde Ana trabalha resolveram realizar uma campanha solidária e uma vaquinha virtual para ajudar a família.

As doações estão chegando, assim como muitas mensagens de carinho. A história de Ana e Júlio, o reencontro das gêmeas, o encontro com o irmão Pedro e todo o sentimento de valorizar a família, o amor e a fé em Deus, emocionaram muitas pessoas e a corrente de solidariedade está crescendo. Ana relatou que o seu coração está cheio de alegria e gratidão.
“Costumo dizer que tudo que vier de doações para elas será muito bem-vindo. Estamos organizando as coisas de Aline do zero. Ela tinha poucas coisinhas no abrigo e deixamos lá porque poderia servir para outra criança. Gostaria de agradecer aos amigos do hospital em que trabalho que iniciaram a campanha na redes sociais e nos ajudaram muito. A Layane Cedraz, (A mamãe 6 Estrelas) que montou a vaquinha on-line e multiplicou a campanha nas redes. Através dela muitas pessoas nos procuraram e nos abençoaram. Aos amigos da Bambino Pediatria que também nos abraçaram e nos ajudaram com muito amor. As famílias do condomínio onde moro, aos irmãos da igreja e toda sociedade que doou um pouco de si. Não só doações em dinheiro ou material, mas todas as orações e mensagens lindas que temos recebido”, agradeceu. 

Amor de mãe 
Embora a maternidade tenha lhe apresentado algumas dificuldades, Ana não tem dúvidas de que se sente realizada como mãe de Alice, Aline e Pedro. Ela destaca que está muito feliz e radiante em ver os filhos juntos e família crescendo no amor, na fé e na união.
 
Rachel Pinto / Acorda Cidade

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