O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou hoje ser
possível ter uma vacina contra a covid-19, doença causada pelo
coronavírus, pronta para registro em outubro. Em junho, o Butantan
firmou parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac para produção e
testes avançados de uma vacina. As declarações foram dadas em audiência
pública virtual da Câmara dos Deputados para debater o desenvolvimento
da imunização.
No momento, a vacina está sendo testada em cerca de 9.000 voluntários
em seis unidades federativas —São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul,
Distrito Federal, Minas Gerais, Rio de Janeiro— sob a coordenação e o
acompanhamento do Butantan, segundo o Uol.
Se a vacina for clinicamente bem-sucedida, o Butantan a submeterá
para registro na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Caso
aprovada pela agência, poderá ser distribuída para o SUS (Sistema Único
de Saúde) por meio do governo federal.
"Poderemos ter (a vacina) a partir agora de outubro. O processo de
preparo para a formulação e o envase já se iniciou. Todos os processos
de controle de qualidade e validação já se iniciaram. Então, poderemos
ter a vacina. A grande pergunta é se estará registrada e aprovada pelo
estudo clínico e poderá ser utilizada. Sou muito otimista. Acho que um
prazo razoável seria janeiro de 2021 dado o desempenho até o presente
momento", afirmou.
Gerente-geral de medicamentos e produtos biológicos da Anvisa,
Gustavo Santos afirmou que a agência tem acelerado e flexibilizado
processos em meio à pandemia para atender demandas. No caso da vacina,
ele disse que há um prazo de 60 dias para a análise do eventual registro
após a entrega da documentação necessária por parte do interessado, mas
a avaliação será prioridade e deverá acontecer em menos tempo.
"A avaliação para o registro é justamente o balanço risco-benefício,
para ver se os benefícios superam os riscos. Temos de nos embasar em
resultados científicos válidos", explicou.
O diretor do Butantan falou não haver motivo para preocupações quanto
a uma parte da vacina se originar da China. O coronavírus surgiu pela
primeira vez em Wuhan, no país asiático, antes de se espalhar pelo
mundo. "Não há motivo para ter essa questão de descaracterizar uma
vacina pelo fato de ter sido desenvolvida inicialmente na China",
disse.
Na semana passada, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido)
valorizou a candidata à vacina contra a covid-19 desenvolvida pela
Universidade de Oxford e pela farmacêutica AstraZeneca, no Reino Unido, e
testada no Brasil em parceria com a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).
"Não é daquele outro país, não. Tá ok, pessoal?", declarou.
Covas ressaltou que a AstraZeneca tem um grande complexo industrial
na China e o país asiático tem se destacado na produção de conhecimento
científico há anos. O secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da
Saúde, Armando Medeiros, afirmou que o compromisso da pasta "é com a
saúde pública brasileira".
Ele acrescentou que o governo está "disposto a conversar, avançar e
adquirir as vacinas que chegarem primeiro" e ressaltou confiar na
capacidade do Butantan para o desenvolvimento da vacina.
Do Bahia Notícias
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