Cornelio foi o homem dos causos mais hilariantes que se tem conhecimento em Ichu. São tantos: Tinha o da cabaça d'água num pé de umbu, o da traíra de canga dentre outros, mas o que mais me chamava a atenção foi o de uma caçada no Morro da Aurora.
Ele contou que certa vez foi caçar na fazenda Morro Redondo e lá, por ser uma área imensa com pastagem natural, com muita mata e caatinga, era um lugar onde tinha uma grande variedade de caça. Tinha tatu, perdiz, gato do mato, veado. Tinha de tudo.
Pra isso, ele se preparou com antecedência. Comprou bastante munição (pólvora, chumbo e espoletas) e carregou o chumbeiro e o polvarino feitos com cabacinhas de pescoço, fez buchas de sisal e pôs tudo no aiol na noite que antecedeu a caçada. Colocou as espoletas num reservatório aclopado na coronha da espingarda. Tratou de já deixar a arma carregada antes de dormir para não perder tempo. Saiu de madrugada. Queria chegar cedo ao local para poder derrubar bastante caça.
Seguiu uma trilha existente na fazenda e ao passar na cerca que limitava a mesma, encontrou uns pés de pitanga carregados de frutas. Chupou uma duzia delas. Achou tão doce que colocou quatro caroços no bolso para plantar no seu quintal.
Ao passar na cerca, o aiol feito com lona de caminhão enganchou no arame e acabou por fazer um pequeno rasgo no fundo e ele não viu.
Seguiu viagem e encontrou um passadiço numa outra outra cerca. Ao passar, o pé esquerdo topou no pau que servia de apoio por sobre a cerca e caiu lá embaixo em cima dumas pedras. Tentou proteger a arma para que a mesma não disparasse, mas não conseguiu evitar que caisse sobre a capanga com as munições quebrando o chumbeiro, que por ser de cabaça, quebrando o chumbeiro, que por ser de cabaça,espatifou-se derramando os chumbos no aiol.
Cornélio levantou-se e dirigiu-se a um açude onde poderia encontrar patos. Ao chegar na trincheira, avistou um bando deles nadando tranquilamente. Agachou-se e saiu rastejando até a margem, escondendo-se atrás de umas moitas de jurubeba.
Posicionou-se esperando que os patos se enfileirassem para que de um só tiro matasse mais de um. Não demorou e os bichinhos nadaram um atrás do outro. Cornélio deitou quase no nível da água e apertou o dedo no gatilho. O tiro saiu atingindo cinco deles.
Cornélio, feliz da vida, entrou na água apanhou os patos, colocou na sacola que já passou a demonstrar um certo volume e peso com a primeira investida da caçada. Quando Cornelio se preparou para recarregar a espingarda, percebeu que o chumbeiro estava quebrado e que não havia um caroço de chumbo no aiol. Tinha caído tudo pelo buraco feito ao passar naaiol. Tinha caído tudo pelo buraco feito ao passar na primeira cerca.
Desiludido e resignado voltou pelo mesmo caminho por onde houvera passado. Viu algo mexendo entre as folhas. Foi nas pontas dos pés verificar o que era. Para sua surpresa, viu um veado pastando num pé de cambará. Ele, rapidamente lembrou-se dos caroços de pitanga que estavam no bolso, usou-os como munição, carregou a espingarda e detonou-a como munição, carregou a espingarda e detonou-a no animal que saiu em disparada.
Sem o veado e sem munição, retornou pra casa pra casa com os patos, que já daria um bom caldo para a família. Passados alguns anos, Cornélio foi caçar no Morro da Aurora, e viu um arbusto andando entre os matos. Ele subiu numa árvore e para seu espanto viu um veado com três pés de pitanga nas costas. Como desta vez estava com a arma carregada com munição de verdade, conseguiu matar o bicho. Era o mesmo veado que ele deu o tiro com os caroços de pitanga. Com o tempo, a semente nasceu e começou a crescer no lombo do animal.
Se alguém lhe questionava, Cornélio dizia: "Você tá duvidano? Vá proguntá ao finado Cosme do Jitaí pra vê se num foi".
Última modificação: 21:0
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