O futebol ainda não retornou na Bolívia desde a interrupção causada pela pandemia, em março. A Covid-19, inclusive, vitimou o presidente da federação boliviana, César Salinas, que morreu aos 59 anos, em julho, escancarando uma crise na entidade que divide os principais clubes do país.
Alguns deles, como Bolívar e Jorge Wilstermann, são opositores do atual vice-presidente da federação e não tiveram atletas convocados.
Com todo este cenário favorável para a estreia, Tite recebeu a oportunidade de colocar em prática a sua ideia de como furar o bloqueio de adversários muito fechados.
Em Itaquera, os bolivianos se defenderam com uma linha de cinco homens na defesa, uma segunda linha de quatro atletas à frente e um único jogador, o centroavante Bruno Miranda, mais adiantado.
Para espaçar os defensores da Bolívia e criar espaços, a seleção brasileira, com a bola, jogou em um 2-3-5, a chamada pirâmide invertida, configuração que remete aos esquemas táticos antigos. Apenas Marquinhos e Thiago Silva mantiveram a posição atrás, com Danilo, Casemiro e Douglas Luiz compondo o meio e procurando os passes para os jogadores da frente.
Na linha mais ofensiva do Brasil, Everton abriu o campo pela direita e o lateral Renan Lodi ganhou liberdade para fazer o mesmo pela esquerda. Philippe Coutinho e Neymar trabalharam por dentro, com Firmino mais centralizado. Cinco homens atuando entre os dois blocos rivais.
Com menos de um minuto, Lodi já havia cruzado da linha de fundo para a chegada de Everton, que entrou cruzado no lado oposto e perdeu boa chance de marcar.
Sem oferecer resistência, a Bolívia continuou fechada atrás e assistiu à paciente troca de passes da seleção brasileira, que conseguiu furar o bloqueio pelo alto, em jogada ensaiada de escanteio.
Everton cobrou rasteiro, Danilo recebeu recuado e cruzou na cabeça de Marquinhos, que abriu o placar aos 15 minutos de jogo, anotando o seu segundo gol com a camisa da equipe nacional.
Aos 29 do primeiro tempo, o Brasil chegou ao gol que Tite imaginou por meses. Com a posse de bola saindo da direita para a esquerda, Renan Lodi recebeu na ponta e tocou para Neymar. O camisa 10 da seleção, que era dúvida em razão de dores na lombar, devolveu ao lateral, que invadiu a área e cruzou rasteiro para Firmino entrar e ampliar.
Na etapa final, a equipe de César Farías adiantou as linhas e procurou dificultar a posse de bola brasileira, deixando espaços para a transição rápida do Brasil.
Com a Bolívia ainda mais espaçada na defesa, Neymar recebeu no contra-ataque pelo lado esquerdo e encarou a defesa. O atacante viu Firmino entrar pelo meio e, com um passe entre as pernas do marcador boliviano, deu a assistência para que o jogador do Liverpool (ING) marcasse o seu segundo gol na partida.
A partir do terceiro gol, Tite resolveu dar oportunidade aos reservas colocando em campo Rodrygo, Felipe, Richarlison, Everton Ribeiro e Alex Telles.
O atacante do Real Madrid (ESP) aproveitou a oportunidade e participou do quarto gol, desviando de cabeça o cruzamento de Philippe Coutinho que ainda tocou em Carrasco antes de entrar.
Diante de uma defesa já desmontada, a seleção brasileira continuou aproveitando os espaços para chegar ao quinto gol. Renan Lodi, bem aberto pela esquerda, viu a ultrapassagem de Neymar pelas costas da zaga adversária e serviu o camisa 10, que cruzou para Philippe Coutinho completar no meio da área.
A goleada de 5 a 0 sobre a Bolívia mantém Tite invicto nas eliminatórias. O técnico, que assumiu a seleção em meio à disputa da competição em 2016, agora soma 11 vitórias e dois empates em 13 partidas pelo certame sul-americano.
Começou com vitória a arrancada do Brasil rumo à próxima Copa do Mundo. E começou bem, com resultado e desempenho, apesar da fragilidade do adversário.
Na próxima terça-feira, a seleção brasileira vai a Lima enfrentar o Peru, adversário na final da última Copa América, pela segunda rodada das Eliminatórias.
BRASIL - Weverton; Danilo, Marquinhos, Thiago Silva (Felipe), Renan Lodi (Alex
Telles); Casemiro, Douglas Luiz, Philippe Coutinho (Everton Ribeiro);
Éverton Cebolinha (Rodrygo), Roberto Firmino (Richarlison), Neymar. Técnico: Tite.
BOLÍVIA - Carlos Lampe; Jesús Sagredo, José María Carrasco, Gabriel Valverde, José Sagredo; Antonio Bustamante (Frank González), Fernando Saldias (Boris Cespedes), Diego Wayar (Leonardo Zabala); Cristian Arabe (Rudy Cardozo), Bruno Miranda, César Menacho (Jhasmani Campos). Técnico: César Farías.
Estádio: Neo Química Arena, em São Paulo (SP)
Juiz: Leodan González (Uruguai)
Cartões amarelos: Thiago Silva (Brasil), Carrasco, Campos, Zabala, Cespedes (Bolívia)
Gols: Marquinhos, aos 15min, e Roberto Firmino, aos
30min do primeiro tempo e aos 3min do segundo tempo, Carrasco (contra),
aos 20min, e Philippe Coutinho, aos 27min do segundo tempo.
Por Bruno Rodrigues | Folhapress
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