No primeiro dia de cadastros para utilizar o PIX, novo meio de pagamento que será oferecido pelos bancos a partir de 16 de novembro, cerca de 3,5 milhões de chaves já foram cadastradas, segundo o Banco Central.
A alta procura gerou, inclusive, instabilidade nos sistemas das principais instituições financeiras do país, que chegaram a ficar fora nesta segunda-feira (5). O Correio preparou um guia com especialistas e reuniu tudo que você precisa saber sobre a nova ferramenta.
A novidade é, em essência, um novo modo de pagamento feito através de transferência. Nesta primeira fase, todas as instituições financeiras com mais de 500 mil usuários serão obrigadas a oferecer e aceitar as transações através do novo método. Para utilizar a ferramenta, o usuário precisará cadastrar no seu banco uma chave, que pode ser número de CPF ou CNPJ; e-mail; número de celular; ou a chamada EVP (sequência criada no banco e que será capaz de gerar um código QR).
Na prática, o pagamento ou transferência será feito apenas com o envio da chave cadastrada para o pagador que no aplicativo do seu banco vai adicionar a chave recebida e o valor para realizar a transferência. Em comparação com o TED e o DOC – modelos de transferência já existentes – o PIX tem vantagens como: funcionar todos os dias e sem custos.
“A determinação do Banco Central é de que não haja custos para pessoas físicas ao utilizar o PIX. Os bancos podem incluir custos em serviços associados e complementares ao PIX. Para a pessoa jurídica haverá custos que devem ser determinados por cada banco, mas que são muito menores se comparados aos que existem hoje”, explica o economista e educador financeiro Edísio Freire.
A nova ferramenta traz mudanças importantes no mundo das transações financeiras. “O fato das transações serem em tempo real contribui para diminuição de golpes financeiros e para a velocidade das vendas online. O PIX também muda muito a realidade dos pagamentos, tornando eles instantâneos, inclusive no que diz respeito ao processamento daquele pagamento, diminuindo muito o tempo da regularização dos pagamentos em geral, já que o dinheiro vai cair na hora”, explica o financista Fabrizio Guerratto, do canal 1Bilhão Educação Financeira.
A mudança na forma de processamento dos pagamentos deve, segundo especialistas, beneficiar pequenos empreendedores que dependem de boletos ou máquinas de cartão para receber seus pagamentos e arcam com altas taxas e um longo período até de fato receber os recursos pagos pelos clientes.
“Como as instituições não podem mais se diferenciar pelas taxas, vai haver melhorias em outros pontos do serviço como atendimento, suporte, inovação”, explica Ticiana Amorim, fundadora da startup Aarin, empresa baiana criada para operar pagamentos comerciais através do PIX e que será oficialmente lançada em 7 de dezembro.
Os bancos, que precisaram se adaptar à ferramenta, dizem apoiar a iniciativa. “O Pix irá aumentar a inclusão financeira no país, estimular a competitividade e aprimorar a eficiência no mercado de pagamentos. O acesso a serviços financeiros constitui um passo crucial para a inclusão social e para o combate à desigualdade no país”, afirma Isaac Sidney, presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
Segundo ele, o setor bancário vem fazendo investimentos em modernização tecnológica que somam R$ 24,6 bilhões anuais. Apesar das modernizações, aplicativos de grandes bancos como Itaú, Santander, Banco do Brasil, Banco Inter, Nubank e Bradesco tiveram instabilidades registradas no Down Detector, plataforma que mede falha na prestação de serviços online.
Golpes
Por ser uma ferramenta nova e ligada à avanços tecnológicos, o sucesso do PIX depende da adaptação dos usuários. “É preciso informar as pessoas, e fazer elas entenderem que se trata de algo simples e seguro, que não é nada complexo por ser uma ferramenta tecnológica. Só assim, vamos deixar de pagar aquilo que se paga hoje para transferir por DOC e TED”, diz Ticiana.
Apesar da simplicidade, no entanto, é preciso cuidado. “A desvantagem do PIX talvez esteja mais ligada à segurança. Com um novo instrumento de tecnologia, pessoas que não tem habilidade com a linguagem podem acabar se perdendo, travando, se expondo mais. Mas é algo completamente administrável”, completa Edisio Freire.
Mesmo antes do lançamento oficial, golpes usando o PIX como disfarce já foram identificados por empresas especializadas em segurança. A estratégia usada por criminosos é o envio e-mails aparentemente enviadas por grandes bancos, simulando um pedido de cadastro da chave do PIX para roubar dados como senha da conta, CPF e celular, visando conseguir acesso à futura conta do usuário e realizar transações indevidas.
Para o educador financeiro, mesmo as mensagens enviadas pelos bancos reais devem ser analisadas com cuidado. “Como é um meio de pagamento que todas as instituições financeiras estarão operando, é possível que a pessoa receba uma série de chamados ao cadastramento da chave. Inicialmente é melhor gerar código naquela instituição que você já confia e opera. Assim se garante um tempo de experimentação, para que a pessoa entenda como vai funcionar e preserve sua segurança”, orienta Freire.
TIRA DÚVIDAS
Veja as respostas dos especialistas Edísio Freire, Fabrizio Guerratto e Ticiana Amorim
O que é o PIX?
O PIX é um novo meio de pagamento. É mais uma forma de realizar pagamentos, se unindo ao pagamento em espécie, cartões, cheque e boleto, e transferências bancárias, se juntando aos tradicionais DOC e TED É regulamentado pelo Banco Central, o que significa dizer que os bancos são obrigados a oferecer a nova ferramenta.
Quem vai precisar oferecer o PIX e como usar?
Nesse primeiro momento, todas as instituições financeiras (bancos) que tenham mais de 500 mil usuários deverão ter o serviço funcionando a partir de 16 de novembro. Até lá, os bancos realizam o cadastramento das chaves, que é o dado que o cliente utilizará para fazer as transações e que pode ser: telefone, e-mail, CPF ou uma sequencia númerica aleatória.
Quais as diferenças entre PIX e o DOC e TED?
Hoje para realizar uma transferência, se a pessoa não tiver conta na mesma instituição bancária, é necessário usar o DOC e o TED que tem limitações de funcionamento. O PIX vai funcionar 24 horas por dia e sete dias por semana, eliminando os limites, inclusive no que diz respeito à conclusão da operação que deve ocorrer em 10 segundos.
O PIX tem custos?
A determinação do Banco Central é de que não haja custos para pessoas físicas ao utilizar o PIX. Os bancos podem incluir custos em serviços associado e complementar ao PIX. Para a pessoa jurídica haverá custos que devem ser determinados por cada banco
Existem limitações para o PIX?
Sim. Nesse início de uso, até por segurança, a pessoa terá o limite de uso do PIX determinado pelo seu banco, que possivelmente deve ser similar aos limites de transferência que o usuário a possui para DOC e TED.
Quais as principais vantagens do PIX?
Além da praticidade, velocidade da transação e do baixo custo,o PIX muda muito a realidade dos pagamentos, tornando eles instantâneos, inclusive no que diz respeito ao processamento daquele pagamento, diminuindo o muito o tempo de regularização de pagamentos em geral e compras online, por exemplo. .
E desvantagens, existem?
Tudo tem vantagens e desvantagens. A desvantagem do PIX talvez esteja mais ligada a segurança. Com um novo instrumento de tecnologia, pessoas que não tem habilidade com a linguagem podem acabar se perdendo, travando, se expondo mais. Mas é algo completamente adminstravel
Quais cuidados tomar nesse primeiro momento?
Como é um meio de pagamento que todas as instituições financeiras estarão operando, é possível que a pessoa receba uma série de chamados ao cadastramento da chave. Inicialmente é melhor gerar código naquela instituição que você já confia e opera. Assim se garante um tempo de experimentação, que a pessoa entenda como vai funcionar e preserve sua segurança
O PIX elimina o DOC e o TED?
A longo prazo, o PIX tende a fazer com que o TED e o DOC caiam em desuso, mas eles de maneira oficial, os três meios vão coexistir segundo a orientação do Banco Central. A expectativa é que as hoje usuais formas de transferir deixem de ser usadas nos próximos cinco anos, mas a mudança depende diretamente da adesão dos usuários
Quais as maiores mudanças que o PIX traz ao mercado?
O PIX vai, muito provavelmente, gerar a chamada desbancarização, ou seja, a redução do número de pessoas que não tem nenhum acesso a banco ou conta bancária, que agora terão acesso por ser o PIX algo mais prático de usar. O fato das transações serem em tempo real também contribui para diminuição de golpes financeiros e para velocidade das vendas online.
Fonte: Correio / Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro
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