Seu médico, o neurocirurgião Leopoldo Luque, disse em entrevista em La
Plata, onde o ex-jogador foi internado na segunda (2), que a cirurgia
seria necessária. Horas antes, porém, havia dito que seu paciente estava
bem, apenas “anêmico e um pouco desidratado”. A mudança de discurso
surpreendeu fãs e jornalistas do lado de fora da clínica.
Ele entrou na sala de cirurgia por volta de 21h15 no horário de
Brasília. "Durou uma hora e vinte minutos, e conseguimos evacuar o
hematoma subdural crônico com sucesso", afirmou Luque ao deixar a
clínica.
O procedimento também foi comemorado pelo assessor de imprensa de
Maradona, Sebastian Sanchi, que informou por meio das redes sociais que
"Diego está bem em seu quarto, descansando".
A movimentação de fãs era intensa no local. Muitos cantavam músicas e traziam faixas de apoio ao craque.
Ignacio Saenz, 32, vive em Vicente Lopez e decidiu levar “boas energias”
a seu ídolo. Usando uma camiseta da seleçao argentina, o torcedor do
Boca afirma que “Maradona não tem culpa das coisas que acontecem com
ele. As pessoas do seu entorno deveriam cuidar dele, não deixar ele
beber. Nós torcedores temos que cuidar de Diego, porque Diego é a
Argentina.”
O ex-jogador argentino havia passado mal na segunda-feira, em La Plata,
onde vive atualmente e dirige o Gimnasia. A informação, então, era de
que faria alguns exames de rotina.
Maradona tem um histórico de vício em cocaína, é cardíaco e toma medicação psiquiátrica, às vezes por conta própria.
Ao som de "Ole, Ole, Diego, Diego", fãs rodearam a ambulância que o
levaria a Buenos Aires e jornalistas cercaram seu médico. Luque
confirmou que ele mesmo operará o ex-jogador.
A detecção do hematoma subdural (acúmulo de sangue entre o cérebro e seu
revestimento externo) ocorreu depois da realização de uma tomografia
também nesta terça, por volta das 12h. Segundo o médico, a lesão tinha
de 10 a 14 dias e foi a causa do quadro de anemia.
Luque disse ainda que o hematoma poderia ter sido causado por uma queda
do banco do Gimnasia, durante um treino, que ocorreu recentemente, ou
praticando boxe, um de seus passatempos atuais. Ou, ainda, que poderia
ter levado uma bolada na cabeça muito forte há meses e que só agora
tivesse se transformado num problema.
"A partir desse traumatismo, gerou-se um derramamento de líquido que foi
se acumulando", disse Luque. O médico tentou tranquilizar os fãs e
jornalistas, afirmando que era difícil que a operação deixasse sequelas e
que era "um procedimento de rotina".
Acrescentou, ainda, que o ex-jogador estava consciente e que lhe foi
explicada a situação. "Diego está de acordo com a cirurgia", afirmou.
Quando foi questionado por que havia dado informações bem diferentes na
manhã desta terça, o médico apenas saiu caminhando rápido e
esquivando-se dos repórteres.
Na homenagem que foi feita quando completou 60 anos, na sexta-feira
passada (30), Maradona apareceu no estádio do Gimnasia La Plata
visivelmente abatido. Mancando e balbuciando, foi amparado até o local
onde havia um bolo e lhe entregaram uma placa.
Devido à pandemia do coronavírus, não havia público, e foi feita apenas
uma comemoração com fogos de artifício. Maradona havia dito que queria
uma festa com seus filhos presentes. Há relatos de pessoas próximas de
que ele andava deprimido por conta do isolamento da quarentena.
Seu time, naquele dia, jogou contra a equipe do Patronato, mas Maradona, que não se sentia bem, deixou o campo.
Suas filhas Dalma e Gianinna se manifestaram nas redes sociais,
lembrando que há mais de um ano vêm alertando de que Diego Maradona não
está bem e que vem sendo "usado" pelas pessoas que o rodeiam.
Gianinna lembrou que, há um ano, havia afirmado que seu pai "não está
morrendo porque seu corpo assim o decide e sim o estão matando por
dentro sem que ele possa perceber". "Rezem por ele", disse ela, que
acompanhou Diego na ambulância entre La Plata e Buenos Aires.
Segundo Gianinna publicou em sua conta no Instagram, o ex-jogador é
mantido "sob uso de remédios, só para que se tirem fotos dele".
Já Dalma Maradona foi ainda mais explícita: "Quando minha irmã disse que
me pai não estava bem, mandaram um jornalista na casa dela para falar
mal dela e a amedrontar. E agora? Bom, não estávamos tão loucas, não
é?".
A reportagem tentou entrar em contato com o advogado de Diego, Matías Morla, mas ele não atendeu aos telefonemas.
Por Sylvia Colombo | Folhapress
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