"Em nenhum fui racista com nenhum dos jogadores, nem com Gerson, nem com qualquer outra pessoa. Acontece que quando fizemos o segundo gol botamos a bola no meio do campo para sair rapidamente e o Bruno Henrique finge e eu arranco a correr e eu digo a Bruno que” jogue rápido, por favor”, "vamos irmão, jogar sério”. Aí ele joga a bola para trás e Gerson, não sei o que me fala, mas eu não compreendo muito o português. Não compreendi o que me disse e falei "joga rápido, irmão". Aí passo por ele e sigo a bola. Não sei o que ele entendeu, o que ouviu. Ele jogou a bola e passou a me perseguir sem eu entender o que passava. Dei a volta por trás porque não queria entrar em briga com ninguém e depois ele sai falando que o tratei com “cale a boca, negro” falando português quando eu realmente não falo português. Estou apenas alguns meses no Brasil e sobre isso de ser racista não estou de acordo, porque isso não é bem visto em nenhuma parte do mundo e sabemos que todos somos iguais e em nenhum momento falei isso e menos ainda usei essa palavra", afirmou.
Após a vitória do Flamengo sobre o Bahia por 4 a 3 no Maracanã, Gerson deu entrevista ao canal Premiere e acusou Ramírez de ter dito a ele as seguintes palavras durante uma discussão em campo aos sete minutos do segundo tempo, após o Tricolor ter feito seu primeiro gol: "Cala a boca, negro". Além disso, o jogador do Rubro-negro carioca também criticou a postura do agora ex-técnico do Tricolor, Mano Menezes, por apoiar o ato do colombiano (leia aqui).
"O clima no jogo estava complicado. Foi um jogo bom, eles abriram 2 a 0. Empatamos e tínhamos chances de fazer o terceiro. Se supõe, então, que o jogo fica disputado, com mais chegadas. Ele ficou diferente. Um atacando, outro defendendo. É algo normal. Fica tenso por circunstâncias do jogo. Mas nada de insultos e racismo. Bruno, em um momento, me chamou de "gringo de merda", mas eu não prestei muita atenção", continuou o camisa 15 do Esquadrão de Aço.
No dia seguinte, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) solicitou ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) a abertura de investigação do caso (confira aqui). Mas a questão não ficou restrita apenas no esporte. A Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), no Centro do Rio de Janeiro, também abriu um inquérito e Gerson prestará depoimento nesta terça-feira (22), às 10h. Ramírez, Mano Menezes e o árbitro Flavio Rodrigues de Souza, que apitou a partida, mas relatou na súmula não ter presenciado a injúria racial, também serão intimados a se explicarem presencialmente. Diante da acusação, o Bahia também vai apurar internamente a questão, solicitou as imagens para a TV Globo e a CBF (leia mais aqui), e afastou o jogador do elenco principal (veja aqui).
"Sou colombiano, criado em Rio Negro, uma cidade perto de Medellín. A minha família sempre me ensinou que somos todos iguais mesmo. Não há ninguém melhor do que o outro mesmo que um tenha mais dinheiro do que outro. Espero que as coisas se esclarecem rapidamente, minha família e eu estamos passando por um momento complicado. Não fui racista em nenhum momento. Vim ao Brasil para jogar e ter um futuro. De coração, espero que tudo se solucione. Desculpa a quem escutou, se o Gerson entendeu mal o que falei. Em nenhum momento falei mal dele e não fui racista", finalizou Ramírez.
Assista o vídeo publicado pelo Bahia:
Por Leandro Aragão | Bahia Notícias
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