"Ele está totalmente confuso, não fala coisa com coisa. Está tomando sedativos pra dormir. Totalmente desconexo com a realidade. Chama porta de caneta, chama TV de celular. Diz que uma prima está ameaçando ele de morte, umas conversas bem sinistras. A gente tem medo dele", descreve um parente.
De acordo com a família, o voluntário tomou as duas doses do teste. Cerca de 15 dias após a segunda aplicação, no último dia 12 de dezembro, o jovem, portador de diabetes e descrito como atleta, foi levado para o Hospital Jorge Valente, na capital baiana, com crise convulsiva, sem fala e com um lado do corpo paralisado.
Em nenhum momento, relatam os familiares, o paciente apresentou exame positivo para o novo coronavírus. Agora na enfermaria, tendo recuperado a fala há poucos dias, ele ainda não recebeu diagnóstico. Segundo os parentes, os médicos trabalham com a possibilidade de se tratar de uma encefalite - uma inflamação no cérebro.
À reportagem, o Hospital Jorge Valente afirmou que tem assistido o paciente, oferecendo todos os recursos necessários, e que as informações estão reguardadas ao paciente e aos familiares.
De acordo com o doutor em Virologia pela Universidade de Buenos Aires e coordenador do Laboratório de Virologia da Ufba, Gúbio Soares, o quadro é uma provável efeito colateral ao imunizante. "Alguns indivíduos vão ter reação à vacina", afirma.
Segundo a família, o Hospital São Rafael, que realiza os testes da vacina da AstraZeneca com a Oxford em Salvador, foi informado sobre o caso no mesmo dia do internamento e, até então, não prestou esclarecimentos sobre o quadro do voluntário, alegando sigilo da pesquisa.
Todos os gastos, afirmam, estão sendo custeados pela família, que paga o plano de saúde. "Não sabemos nem se eles notificaram o caso aos responsáveis pela pesquisa", diz um dos parentes. Procurado pelo BNews, o hospital afirmou apenas que não se pronuncia sobre voluntários da vacina.
A reportagem entrou em contato com a AstraZeneca, e ainda aguarda resposta, assim como da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), responsável pela coordenação dos estudos clínicos da fase três do imunizante.
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que vai produzir a vacina no Brasil, salienta que não tem participação direta na pesquisa. "Em todo o mundo, os estudos clínicos da vacina Oxford-AstraZeneca adotam rígidos protocolos de segurança e são acompanhados por um Comitê de Monitoramento de Dados e Segurança independente", acrescenta a entidade em nota.
Procurada, a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) afirmou que os testes não estão sendo conduzidos pela pasta.
Nesta sexta-feira (8), a Fiocruz solicitou à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) o registro emergencial do imunizante AstraZeneca/Oxford. Os resultados da fase três dos testes da vacina apontaram eficácia geral de 70%.
Por: Léo Sousa / BNews
Nenhum comentário:
Postar um comentário
AVISO: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do ICHU NOTÍCIAS.
Neste espaço é proibido comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros. Administradores do ICHU NOTÍCIAS pode até retirar, sem prévia notificação, comentários ofensivos e com xingamentos e que não respeitem os critérios impostos neste aviso.