O diálogo, do dia 26 de janeiro de 2016, foi enviado pela defesa do ex-presidente Lula ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta segunda (22).
Autorizado pela Corte, o escritório Teixeira Zanin Martins Advogados, que representa o petista, está analisando as mensagens interceptadas ilegalmente por um hacker que invadiu os telefones celulares de autoridades. O material foi recolhido pela Operação Spoofing, que investiga a invasão dos aparelhos, e disponibilizado para a defesa do ex-presidente.
Na resposta a Dallagnol, o procurador Orlando Martello diz, segundo os diálogos transcritos pelo perito Cláudio Wagner, contratado pelos advogados de Lula: "Podemos combinar com ela [Erika] de ela nos provocar diante das notícias do jornal para reinquiri-lo ou algo parecido. Podemos conversar com ela e ver qual estratégia ela prefere. Talvez até, diante da notícia, reinquiri-lo de tudo. Se não fizermos algo, cairemos em descrédito. O mesmo ocorreu com padilha e outros. Temos q chamar esse pessoal aqui e reinquiri-los. Já disse, a culpa maior é nossa. Fomos displicentes!!! Todos nós, onde me incluo. Era uma coisa óbvia q não vimos. Confiamos nos advs e nos colaboradores. Erramos mesmo!". O texto foi mantido com a grafia original.
Deltan Dallagnol, mais adiante, pondera: "Concordo. Mas se o colaborador e a defesa revelarem como foi o procedimento, a Erika pode sair muito queimada nessa... pode dar falsidade contra ela... isso que me preocupa". Os procuradores se referem à delegada apenas pelo primeiro nome.
A Lava Jato era integrada por uma delegada, Erika Marena, que trabalhou nela desde seus primórdios e de forma estreita com a equipe de procuradores.
Coordenadora das investigações, a policial chegou a ser apontada inclusive como responsável por batizar a operação. Não é possível, no entanto, saber se os diálogos se referem a ela. Em 2018, Marena foi convidada por Sergio Moro para integrar a equipe dele no Ministério da Justiça. Depois da saída dele, acabou exonerada.
A coluna procurou a policial, mas ainda não conseguiu contato. Na petição encaminhada ao STF, a defesa de Lula diz que os diálogos revelam uma "gravíssima realidade".
"Além de terem praticado inúmeras ilegalidades contra o aqui reclamante [Lula], a construção de um cenário em que ele ocuparia a liderança máxima de uma afirmada organização criminosa envolveu o uso contumaz de depoimentos que jamais existiram", dizem os advogados.
Os procuradores da Lava Jato não reconhecem a autenticidade das conversas e dizem que elas podem ter sido manipuladas, além de terem sido obtidas por meios criminosos.
Do Bahia Notícias
Nenhum comentário:
Postar um comentário
AVISO: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do ICHU NOTÍCIAS.
Neste espaço é proibido comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros. Administradores do ICHU NOTÍCIAS pode até retirar, sem prévia notificação, comentários ofensivos e com xingamentos e que não respeitem os critérios impostos neste aviso.