"O caminho do que aconteceu nesses bastidores com o Roberto Dias foi uma coisa muito tenebrosa, muito asquerosa", disse Dominguetti ao jornal, citando que buscava negociar 400 milhões de doses da vacina, cobrando US$ 3,5 por cada, o que depois passou para US$ 15,5.
"Eu falei que nós tínhamos a vacina, que a empresa era uma empresa forte, a Davati. E aí ele falou: 'Olha, para trabalhar dentro do ministério, tem que compor com o grupo'. E eu falei: 'Mas como compor com o grupo? Que composição que seria essa?'", lembrou o empresário.
"Aí ele me disse que não avançava dentro do ministério se a gente não compusesse com o grupo, que existe um grupo que só trabalhava dentro do ministério, se a gente conseguisse algo a mais tinha que majorar o valor da vacina, que a vacina teria que ter um valor diferente do que a proposta que a gente estava propondo", acrescentou. A propina em questão seria de US$ 1 por dose, o que daria cerca de 200 milhões de doses de propina. Dominghetti afirma que não aceitou o acordo dessa forma e a negociação não avançou (saiba mais aqui).
De acordo com a publicação, Dias foi indicado ao cargo pelo líder do governo na Câmara, o deputado federal Ricardo Barros (PP-PR). A nomeação dele ocorreu em 8 de janeiro de 2019, quando o ministério estava sob o comando de Luiz Henrique Mandetta (DEM).
Barros e sua suposta influência no Ministério da Saúde estão na mira da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia. Na última semana, deputado federal Luís Miranda (DEM-DF), que apoiava o governo, denunciou que seu irmão, Luís Ricardo Miranda, servidor de carreira na pasta, sofreu forte pressão para aprovar o contrato da vacina indiana Covaxin, ignorando os indícios de irregularidades encontrados. Os dois prestaram depoimento à CPI e, após ser pressionado, o parlamentar revelou que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) culpou seu líder, Ricardo Barros, ao ouvir sobre as suspeitas em torno do contrato (saiba mais aqui). Barros nega as acusações.
Do Bahia Notícias
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