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sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

‘O caso Celso Daniel’: Série do Globoplay aborda assassinato do prefeito de Santo André; mistério

Celso Daniel em Santo André Foto: Acervo documentário ‘O caso Celso Daniel’
Faz 20 anos que Celso Daniel foi assassinado, mas nem por isso deixou a vida política do país. O nome do prefeito de Santo André, no ABC paulista, e as condições de sua morte volta e meia são evocados na cena política em acusações contra o PT. Foi, de fato, um sequestro seguido de morte, ou uma queima de arquivo? “O caso Celso Daniel”, série documental de oito episódios, cujos dois primeiros estreiam hoje no Globoplay, debruça-se sobre o crime para tentar trazer luz a esses tantos questionamentos.

“Muita gente tem opiniões sobre o caso, sobre as razões da morte, sobre a ligação ou não do crime com corrupção, sobre mandantes, mas essas opiniões, quando não são embasadas em fatos, não são nada”, diz Erick Brêtas, diretor de Produtos e Serviços Digitais da Globo. “De dois em dois anos, vem o processo eleitoral e as pessoas falam do assunto. Essa obra dá, pela primeira vez, a possibilidade de entender o que aconteceu. Não pretendemos fazer uma série definitiva, mas sem dúvida será uma obra de referência. E o papel de uma obra de referência é tornar a discussão mais bem informada. Será melhor para o debate político tê-la do que não tê-la”.  

Quadro em ascensão no diretório nacional do PT, Celso foi sequestrado após jantar com o amigo Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, numa churrascaria em São Paulo, no dia 18 de janeiro de 2002. Dois dias depois, o corpo foi achado numa estrada em Juquitiba (SP).  

O crime foi investigado pela Polícia Civil, que prendeu os sequestradores e concluiu o inquérito como um crime urbano. O Ministério Público, no entanto, reabriu o caso e chegou a um esquema de corrupção que teria culminado no assassinato do prefeito, com Sérgio como mandante.   
Tuca Andrade, como Sérgio Sombra, nas reconstituições dramatizadas da série documental ‘O caso Celso Daniel’ Foto: Divulgação
“Além da morte de um ente querido, de um gestor admirável, porque em Santo André a população reconhece isso independentemente da questão ideológica, nos deparamos com engenharias sensíveis da política brasileira”, diz Joana Henning, CEO do Estúdio Escarlate, que produziu a série.  

DE JOSÉ DIRCEU A FAMÍLIA 
Não faltam figurões para contar as versões desses meandros: José Dirceu (presidente do PT à época), Gilberto Carvalho (ex-secretário de Comunicação de Santo André), Miriam Belchior (ex-ministra do Planejamento e ex-mulher de Celso), o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, a senadora pelo PSDB-SP Mara Gabrilli. Segundo Joana, o ex-presidente Lula não se mostrou fechado a participar, mas houve uma “infelicidade que mistura pandemia, ano eleitoral e agenda”.  

Fora desse métier, o irmão de Celso, Bruno Daniel, a viúva, Ivone de Santana, além de promotores e delegados, também colocam à disposição suas memórias. Sérgio, que foi preso, depois solto pelo STF e morreu em 2016, aparece em reconstituições dramatizadas, interpretado pelo ator Tuca Andrada.  Para o diretor Marcos Jorge, a produção vai além de um true crime, gênero cada vez mais apreciado pela audiência nacional. “Descobrimos riqueza humana. É um crime story, claro, mas virou uma série de humanidades”, diz. 

Fonte: Globo.com

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