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segunda-feira, 11 de setembro de 2023

Conheça a história da Quixabeira da Matinha e a luta pelos direitos autorais de samba de roda

De quem é a música Alô Meu Santo Amaro? Grupo luta na justiça pelos direitos autorais de uma das músicas de samba mais conhecidas do Brasil.
Galdino Oliveira Souza, mais conhecido como Guda da Quixabeira, é um trabalhador rural de 44 anos, natural do quilombo Matinha dos Pretos, na zona rural de Feira de Santana, e vocalista do grupo de samba de roda Quixabeira da Matinha.  
Com mais de 25 anos de dedicação à música, o filho de dona Chica do Pandeiro e de Coleirinho da Bahia é o convidado deste episódio do podcast do Acorda Cidade, “Escuto Cá Entre Nós”, trazendo à tona a história da Quixabeira que ainda não foi contada.  

Guda entrou no grupo com cerca de 13 anos e relatou como seu pai foi fundamental para o surgimento do samba de roda em Feira de Santana com seu avô Aureliano Sambador, que já realizava o samba em várias regiões da Bahia, incluindo o Recôncavo.
Durante o episódio, Guda falou sobre a polêmica da gravação da música “Alô meu Santo Amaro”, uma composição de Coleirinho da Bahia e Aureliano Sambador. A música foi colocada em um disco de vinil produzido por um pesquisador que chegou à Matinha e apresentou ao povo uma oportunidade de gravar um disco com 17 faixas. No entanto, 16 faixas não apresentaram autor, sendo consideradas de domínio público, sem autoria.  

Entre 1996 e 1997, três músicas do disco, “Amor de longe, benzinho”, “Fui de viagem, passei em Barreiras” e “Alô meu Santo Amaro”, foram transformadas em um pout-pourri por Carlinhos Brown, denominado “Quixabeira”. Com isso, a música ganhou destaque nacional. Segundo Guda, que luta pelos direitos autorais das canções da Quixabeira, a Banda Cheiro de Amor vendeu 1,3 milhão de cópias na primeira versão, seguida por outras versões e regravações, incluindo artistas como Maria Bethânia e Gal Costa.

O processo em busca de direitos autorais continua até hoje, e o produtor que realizou a produção do vinil, segundo Guda, não deu nenhuma satisfação à comunidade de Quixabeira. Guda contou que, em relação aos direitos autorais, a comunidade recebeu apenas R$400 na época em que seu avô já havia falecido e depois o grupo não recebeu mais pela composição.

Recentemente, o vocalista destacou que uma prova foi entregue ao advogado que cuida do caso. Em 1992, antes do lançamento do disco, a música “Alô meu Santo Amaro” foi apresentada no mercado de Artes Popular e até mesmo documentada em um jornal.

Guda enfatizou que essa luta vem ocorrendo há anos e não é apenas sua, mas principalmente de seu pai, avô e ancestrais.

Apesar do imenso valor cultural e histórico em Feira de Santana, a Quixabeira da Matinha ainda não recebe incentivos do governo. Ao longo de nossa conversa com as jornalistas do Acorda Cidade, Andrea Trindade e Iasmim Santos, Guda ressaltou o papel da Associação Cultural Coleirinho da Bahia e a importância de valorizar o samba de roda. O filho de dona Chica e Coleirinho enfatizou que o dia em que um samba de roda ganhar reconhecimento nacional, os demais também serão reconhecidos.

Ouça o podcast no no Spotify, Deezer e Google Podcasts. Siga @escutocaentrenos e @acordacidade no Instagram  e no Facebook para acompanhar as gravações ao vivo ou, se preferir, inscreva-se no canal do YouTube.
Por Iasmim Santos / Acorda Cidade AC

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