Esta semana, a gestão petista liberou mais de R$ 1,3 bilhão para órgãos sob a influência do centrão
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vem seguindo os passos da gestão anterior, comandada por Jair Bolsonaro (PL), para contar com os partidos do centrão. Na última semana, a administração petista liberou mais de R$ 1,3 bilhão para órgãos sob a influência do centrão.
Esta é a primeira vez que o governo Lula aumenta o volume de recursos direcionados sem transparência para que deputados e senadores façam obras e comprem equipamentos em seus redutos eleitorais.
De acordo com o portal UOL, foram liberadas verbas extras para órgãos comandados pelo centrão. Nos bastidores, a estratégia é encarada como maneira de o governo Lula atender a demandas de parlamentares negociadas sem conhecimento público.
Os recursos começaram a ser liberados em agosto, quando eram votadas no Congresso Nacional pautas importantes como a reforma tributária e o arcabouço fiscal. Pouco depois de a Câmara aprovar o arcabouço, os ministérios da Integração e Desenvolvimento Regional, Defesa e Agricultura pediram R$ 760 milhões para repassar para órgãos sob influência do centrão.
Ainda segundo a publicação, os recursos fazem parte dos R$ 9,8 bilhões do extinto orçamento secreto. O montante passou para os cofres dos ministérios neste ano com a promessa de que os pagamentos seriam feitos de forma transparente e com critérios técnicos.
Os órgãos que mais foram beneficiados foram a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) e o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), que contam com a preferência do centrão pela velocidade e menos controle nos repasses.
Outro órgão contemplado foi o Ministério da Defesa, que receberá mais R$ 80 milhões para o programa Calha Norte. Os recursos serão usados para custear convênios com governos estaduais e prefeituras, que contratam obras ou fazem compras de equipamentos após direcionamento de políticos.
Segundo o UOL, a verba foi um pedido do senador Davi Alcolumbre (UB), que foi o principal beneficiado no programa durante a gestão Bolsonaro. De acordo com planilha de controle interno obtida via Lei de Acesso à Informação, o parlamentar foi o “padrinho” de R$ 264 milhões em convênios feitos com recursos do ministério.
Ao ser questionado sobre os R$ 80 milhões liberados pelo governo Lula, a Defesa disse que o Calha Norte "segue rigorosamente a legislação vigente e que, até o momento, não recebeu nenhuma indicação ou pedido de parlamentar" e classificou a demanda de verba como urgente. No entanto, a pasta não apresentou detalhes de como e onde o recurso será gasto. Procurado, Alcolumbre não comentou sobre o caso.
Por Daniel Serrano / Bnews
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