Governo federal estabeleceu regras para alistamento militar feminino no Brasil em decreto publicado na edição desta quarta-feira (28) do Diário Oficial da União.
Maria Quitéria, primeira militar brasileira, se passou por homem e virou heroína da Independência do Brasil na Bahia, concretizada em 2 de Julho de 1823. No entanto, por ser mulher, a jovem baiana não poderia servir.
A heroína que sabia atirar, cavalgar, caçar e pescar tinha atributos para engrossar as fileiras do Exército brasileiro na luta contra o domínio português nas lutas pela Independência do Brasil na Bahia.
Nascida em um distrito de Feira de Santana, a 100 km de Salvador, Maria Quitéria dá nome ao povoado onde nasceu, que antes de chamava São José Itapororoca. Primogênita de três filhos, a heroína da Independência era filha da baiana Quitéria Maria de Jesus e do português Gonçalo Alves de Almeida.
Serviço militar feminino será para as mulheres que se apresentarem voluntariamente para o recrutamento — Foto: Marcelle Corrêa/g1 |
Atualmente, as Forças Armadas recebem só mulheres em seus quadros a partir dos cursos de formação de suboficiais e de oficiais. Com a mudança, será possível às mulheres se alistarem a partir dos 18 anos - algo que antes era exclusivo apenas para os homens (convocados ou voluntários).
Pelo decreto, o serviço militar feminino será para as mulheres que se apresentarem voluntariamente para o recrutamento, que compreende as etapas de alistamento, seleção e incorporação. [Entenda]
Conheça Maria Quitéria
👉 Aos 10 anos, Maria Quitéria testemunhou a morte da mãe e passou a assumir a gestão da casa e cuidar dos irmãos.
👉 Ela caçava, pescava, também fazia os afazeres da casa, e assim ela criou responsabilidades precoces.
👉 Com a morte da mãe de Maria Quitéria, o pai da heroína, Gonçalo, se casou outras duas vezes.
👉 A primeira madrasta morreu de forma prematura, e a má relação com a segunda companheira do pai foi o estopim para o início trajetória independente da jovem heroína.
Estátua de Maria Quitéria fica na Largo da Soledade em Salvador — Foto: Joá Souza/Secom |
👉 A baiana lutou e conseguiu se destacar no no batalhão dela. Durante a "Batalha de Pirajá", na defesa de Ilha da Maré e na de Piatã, onde ela entrou em uma trincheira, rendeu os portugueses e os levou, sozinha, para o acampamento. A partir desse feito ela foi condecorada a cadete.
👉 A coragem de Maria Quitéria foi reconhecida pelos colegas e também pelo então imperador Dom Pedro I. Após ter o disfarce reconhecido, a heroína escolheu continuar nos combates, a contragosto do pai.
👉 Maria Quitéria recebeu várias honras, incluindo um convite para ir pessoalmente ao Rio de Janeiro, visitar o imperador e ganhar a insígnia de "cavaleiro" da Ordem Imperial do Cruzeiro.
👉Apesar de tudo, a relação familiar ficou bastante estremecida. Ela então pediu uma carta de conciliação a Dom Pedro, quando foi ao Rio de Janeiro para ser condecorada.
👉 Dom Pedro escreveu uma carta onde ressaltou a bravura e a importância da participação de Maria Quitéria nos combates na Independência da Bahia.
👉 Após a carta imperial, Maria Quitéria e o pai se reconciliaram. A heroína passou a morar em Feira de Santana e depois se mudou para cidade de Coração de Maria, vizinha à terra natal.
👉 Só depois da morte do pai é que ela casou com o companheiro, Gabriel de Brito, com quem teve uma filha, Luísa Maria da Conceição, e passou a morar em anonimato, em Salvador.
👉 Já no início da velhice, Maria Quitéria foi diagnosticada com uma inflamação no fígado. A doença deixou a heroína quase cega.
👉 Em agosto de 1853, aos 61 anos, Maria Quitéria morreu na capital baiana. Ela foi enterrada em uma cova rasa, como indigente, em um cemitério que era contíguo à Igreja de Santana.
Insígnia de "cavaleiro" da Ordem Imperial do Cruzeiro foi dada a Maria Quitéria pelo então imperador Dom Pedro I — Foto: TV Bahia |
Em Salvador, Quitéria tem uma estátua em sua homenagem no Largo da Soledade, local que fica próximo ao Largo da Lapinha, de onde parte o desfile de celebração ao 2 de Julho.
No mesmo local, fica guardado o panteão que guarda os carros do Caboclo e da Cabocla, símbolos populares do desfile.
Já em Feira de Santana, o legado de Maria Quitéria está disponível em um memorial no Casarão Olhos D'Água, a sede da Casa da Cultura do município.
Memorial de Maria Quitéria, heroína da Independência do Brasil, fica em Feira de Santana, na Bahia — Foto: TV Bahia |
Por g1 BA
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