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quinta-feira, 19 de setembro de 2024

FEIRA - Aos 72 anos, "Mulher do Jegue” coleciona aventuras na montaria baiana

A aventureira contou detalhes sobre sua história que lhe concedeu o apelido inusitado, mas também o respeito e admiração das pessoas.
A história de Marinalva Carneiro da Silva poucas pessoas podem conhecer, mas se referem à Mulher do Jegue, muitas pessoas vão se recordar da tricampeã baiana de montaria, professora de equitação e mulandeira de Feira de Santana. Ao Acorda Cidade, a aventureira de 72 anos contou detalhes sobre sua história, que lhe concedeu o apelido inusitado, mas também o respeito e admiração de muitas pessoas.

Foto: Arquivo pessoal
Nascida em Itiúba, Marinalva mora em Feira há 40 anos, o que, para ela, já se configura como uma filha da terra. No município de nascimento, começou a trabalhar bem cedo, foi empregada doméstica ainda na infância para ajudar a mãe a criar suas irmãs. Depois, realizou um curso de enfermagem com as freiras em Senhor do Bonfim, onde aprendeu o ofício de enfermeira parteira e atuou por nove anos no interior baiano.

“A minha infância foi trabalhando como empregada doméstica, trabalhando para ajudar minha mãe e criar minhas irmãs. Depois fiz um curso de auxiliar de enfermagem em Senhor do Bonfim, com as freiras, e trabalhei nove anos como enfermeira parteira no meu interior”.
Marinalva Carneiro, a Mulher do Jegue | Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
Desde sua infância até os dias de hoje, a luta não foi fácil, mas Marinalva se tornou uma referência quando se fala em cultura de vaqueiro. Ao Acorda Cidade, ela falou como surgiu a paixão pela montaria.

“Para mim, é gratificante ter vindo para Feira, porque tudo é totalmente diferente do que vivi no interior. Para não perder o marido que eu tinha, que vivia nas cavalgadas com o neto, Léo, que hoje está em Macapá, eu comprei um jegue para acompanhar. E esse jumento foi o meu grande sucesso, porque estava na abertura da Exporural, da Fenagro, aqui em Feira. Já saí montada no meu jumento do Feira Palace, da Igreja Matriz, e, para mim, foi muito gratificante. Depois comecei a competir de amazona montada no meu jumento”, contou.
Foto: Arquivo pessoal
Nas andanças no lombo do seu jumento, a Mulher do Jegue contou que uma das coisas mais engraçadas e curiosas da sua trajetória era a dificuldade que ela tinha para fazer ‘xixi’, para descer e subir do animal, o que dava uma trabalheira danada.

“Eu tinha uma pessoa que me ajudava muito. Eu não posso dizer o nome, mas me ajudava a subir na mula, mas era muito gratificante”. Quando aprendeu a montar de verdade, já tinha mais de 30 anos.  

Sobre o famoso apelido de Mulher do Jegue, Marinalva disse que gosta, inclusive, acha muito carinhoso entre a comunidade. Graças a ele, hoje ela vive aventuras com os muladeiros, como a sua primeira grande viagem que percorreu 1.600 km.
Marinalva e amigos na 15ª Cavalgada Solidária em Feira de Santana
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
“Eu adoro quando dizem ‘Mulher do Jegue’. Eu saio pelas nuvens voando, porque é maravilhoso eu ser chamada de Mulher do Jegue. Quando comecei a montar de amazona com jumento, vi que realmente, se eu passasse para o cavalo, eu competiria melhor. Aí, comecei a montar num cavalo de passeio e fui tricampeã baiana montada num cavalo de passeio. Passaram vários anos, depois comecei a ir para Senhor do Bonfim, Muladeiros, Santa Luz e vários outros lugares em que fui chamada para os muladeiros”
.
Foto: Arquivo pessoal
O grupo de amigos muladeiros percorreu 1.600 km da Bahia até os festejos de Barretos, em São Paulo, montados em mula e cavalos. E claro que a Mulher do Jegue estava lá. Ela e mais 12 pessoas iniciaram o percurso no dia 3 de julho deste ano, passando por diversas cidades do Brasil. Uma verdadeira aventura para os apaixonados por vaquejada.
Foto: Arquivo pessoal
Marinalva perdeu a conta das paradas. Foram noites e noites parando em diversos lugares para dormir e cuidar dos animais. A comitiva contou com veterinário e ferrador experientes para deixar tudo tranquilo. As pessoas que encontravam na estrada também ajudavam com água para os animais.  

Foram 45 dias para chegar ao destino em um caminho muito acolhedor, com fogueiras, cantorias de vaquejada e muita animação entre os muladeiros. 

“Eu gosto de aventura. Eu sou uma pessoa muito aventureira, viu?”, declarou.
Marinalva Carneiro , a Mulher do Jegue | Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
Sobre o jegue que concedeu o apelido inusitado, ela falou que o animal era muito respeitado, mesmo estando entre cavalos de alta raça.  “Era um jegue mesmo, respeitado. Um jegue pé duro, porém não tinha cavalo que me acompanhasse no pique daquele jumento. E outra, se o jegue é o pai das mulas, então eu vou ser a mãe das mulas. Continuo sendo a mãe das mulas. E é por isso que agradeço a Deus todo dia por minha saúde, meu bem-estar, por esses meninos que me fizeram tão bem. Tínhamos contratempo porque onde tem muita gente é um BBB, mas se tiver outra coisa diferente, com um monte de gente assim, eu tenho coragem de participar de novo”.  

Aos 72 anos, a Mulher do Jegue tem disposição para dar e vender. Além de dedicar seu tempo para a montaria, ela também trabalha como vendedora de artigos que deixam os vaqueiros e vaqueiras ainda mais preparados para os eventos e o dia a dia. Depois da viagem para a 69ª Festa de Barretos, ela ainda tem muita energia para a montaria.  

“Eu não sei quem foi esse bonitinho que disse que eu estou cansada. Quem disser que eu estou cansada está perdendo tempo, porque eu não canso. Não cheguei cansada, tanto que, quando cheguei, não sabia nem dormir na minha cama, de tanto que dormi no relento, no frio, até de quatro graus”.  

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Por Jaqueline Ferreira com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade / AC

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