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domingo, 29 de setembro de 2024

Mulheres no poder: Conheça as cinco cidades baianas que só tem candidaturas femininas à prefeitura

Mulheres na disputa pelo cargo de prefeita ainda são minoria; na Bahia, oito em cada dez candidaturas são masculinas
Foto estampada em panfletos, camisas, bandeiras e cartazes. Ter seu nome repetido insistentemente nos jingles de campanha e em carros de som que circulam pela cidade. Ocupar qualquer segundo que seja no horário eleitoral gratuito no rádio e na TV. Ainda que oito em cada dez candidaturas à prefeitura nos municípios baianos sejam masculinas (84%), as mulheres estão aumentando, a cada pleito, a sua participação na disputa. Prova disso, é que nos municípios de Itapitanga, Monte Santo, Mortugaba, Muritiba e Várzea Nova, o patriarcado não tem número e nem legenda nessas eleições.


Estas são as cinco cidades do interior que não devem eleger um prefeito no próximo domingo (06), mas sim, uma prefeita, já que nenhum homem está concorrendo ao cargo. É o que mostra o levantamento feito pelo CORREIO com base em dados do TSE, que analisou as estatísticas das eleições de 2024, comparando o perfil das candidaturas com o cruzamento de informações de gênero, cargo e abrangência municipal.

Diante de um cenário onde a Bahia registrou esse ano 181 candidaturas femininas para ocupar a principal cadeira na gestão do município (16%), contrariar a disparidade de gênero, mostra que as mulheres vão continuar subvertendo as desigualdades na política. Mesmo com menos dinheiro para fazer campanhas, uma paridade ainda distante, o enfrentamento à violência política e as candidaturas ‘laranjas’ que os partidos tentam usar para burlar as cotas, a presença feminina conseguiu alcançar um salto de 31,9% em 2016 para 33,3% no último pleito. Em 2020, 663 dos mais de 5,5 mil municípios brasileiros elegeram mulheres.  

“Diferentes fatores podem ter favorecido o surgimento das candidaturas dessas mulheres, seja o fato de estar em uma rede política partidária que há espaço para a participação delas, ter apoiadores de grandes nomes ou alguma associação política familiar. Porém, isso tem muito a ver como o sistema em si funciona do que com o eleitorado que vai validar essas candidaturas ao final do pleito. Ou seja, o partido, os espaços que elas atuam, se já tiveram cargo político antes”, destaca a cientista política, doutora em Ciências Sociais pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), Gabriela Messias.  

"Isso tem muito mais a ver como o sistema em si funciona do que com o eleitorado que vai validar essas candidaturas ao final do pleito" (Gabriela Messias cientista política).

Quando o primeiro voto feminino ocorreu em 1932 nem se imaginava a possibilidade de uma mulher concorrer a um cargo tradicionalmente masculino. Hoje, conforme prevê a Lei das Eleições (Lei 9.504/1997), cada partido ou coligação deve preencher uma cota mínima de 30% e a máxima de 70% para candidaturas de cada sexo nas eleições para as câmaras municipais. Na legislação também estão previstas as regras de financiamento que obrigam os partidos a destinarem no mínimo 30% dos recursos públicos para campanha eleitoral às candidaturas femininas e a reserva de 30% do tempo de propaganda gratuita no rádio e na televisão. 

“Estamos falando da luta histórica das mulheres e esse movimento tem trazido resultados, ainda que sejam resultados lentos. Uma reforma da legislação é fundamental. Quando a gente pensa na maior presença de mulheres, seja no parlamento ou na prefeitura, estamos falando do cumprimento da democracia e dos seus princípios fundamentais que é a igualdade. Precisamos estar ali para que essas decisões públicas contemplem, de fato, a nossa existência”, ressalta a cientista política.  

Na Bahia, o pleito de Muritiba chamou atenção por ter cinco candidatas disputando os votos do eleitorado, ainda que uma delas, tenha sido considerada inapta pelo tribunal. Nas outras cidades, prevaleceram duas mulheres concorrendo. Em todo o estado, mais de 11 milhões de eleitores estão aptos a votar no dia 6 de outubro, mantendo a Bahia na posição de 4º maior colégio eleitoral do Brasil. O número representa um aumento de 3,5% eleitores, em comparação às eleições municipais de 2020. O eleitorado feminino predomina: 52,43% são do gênero feminino (5.915.845), enquanto 47,57% (5.367.598) é do gênero masculino.  

Para a doutora em Ciência Política e professora na Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Luciana Santana, o gênero hoje é o que desafia a política. “A sociedade é ainda muito conservadora, machista. Seria importante que o eleitorado reconhecesse isso e que virasse um exemplo para outras cidades. É necessário seguir avançando nesse sentido, alterar essa mentalidade para que a participação das mulheres seja algo natural e não apenas o cumprimento da exigência de cotas como a gente tem para o legislativo”.

"É necessário seguir avançando nesse sentido, alterar essa mentalidade para que a participação das mulheres seja algo natural e não apenas o cumprimento da exigência de cotas" (Luciana Santana doutora em Ciência Política e professora na UFAL).
Há um processo de modernização em curso. “Os partidos e a sociedade precisam lidar e reconhecer a importância dos gêneros nos espaços de poder, na política como um todo. Ter mais mulheres no centro de decisão politica e de poder significa ter uma política muito mais bem representada em termos de demanda”, completa.  Confira as cidades:  

1. Itapitanga 
O município localizado na região sul do estado só elegeu candidatos homens nas duas últimas eleições (2020/ 2016). Atualmente, a gestão da prefeitura está a cargo José Roberto dos Santos Tolentino (PSB) que foi eleito com 2.872 votos. No último pleito, nenhuma mulher havia concorrido à prefeitura da cidade. Metade do eleitorado é feminino.  

• Gislaine Dórea Alves/ Glis Dórea (Avante)  

• Joanice Alves da Silva/ Dra. Joanice (PSD)  

- Eleitores (total): 6.120  
- Eleitorado Feminino: 3.108 (50,78%)
- Eleitorado Masculino: 3.012 (49,22%)  
- População: 10.279 
- PIB (2021):  R$ 94,6 mil  
- Atividade Econômica: Agronegócio (23,47%), Indústria (4,24%), Serviços (51,47%) 

2. Monte Santo
A candidata Silvania Silva Matos (PSB) está tentando a reeleição. No pleito anterior, ela foi eleita com 16.922 votos. Monte Santo está localizado na região nordeste do estado e em 2016, elegeu um prefeito: Edivan Fernandes de Almeida (PSC) teve 12.196 votos. Nesse mesmo ano, no entanto, Silvania já concorria à prefeitura só que por outro partido, o PSL. Ela era a única mulher na disputa.  

• Itácia Macedo de Andrade Silva/ Itácia Andrade (MDB)  

• Silvania Silva Matos/ Silvania Matos (PSB)  

- Eleitores (total): 41.393
- Eleitorado Feminino: 20.628 (49,83%)
- Eleitorado Masculino: 20.765 (50,17%)
- População: 47.780
- PIB (2021): R$ 46 mil
- Atividade Econômica: Agronegócio (14,35%), Indústria (4,36%), Serviços (48,51%)

3. Mortugaba 
Nas últimas eleições só houve candidaturas masculinas e Heraclito Cruz Paixão Matos (PT) foi eleito com 4.075 votos. Em 2016, Rita de Cássia Cerqueira dos Santos (PDT) já havia assumido a prefeitura após vencer as eleições e se tornar prefeita com 3.927 votos. Oito anos depois, Rita retorna a disputa, dessa vez, concorrendo com Elisabeth Sousa Mendes (PSD). Mortugaba fica no centro-sul do estado e faz divisa com Minas Gerais.  

• Rita de Cássia Cerqueira dos Santos/ Cássia (PSB)  

• Elisabeth Sousa Mendes/ Beth (PSD)  

- Eleitores (total): 9.534
- Eleitorado Feminino: 4.893 (51,32%)
- Eleitorado Masculino: 4.641 (48,68%)
- População: 11.143
- PIB (2021): R$ 106,817 mil
- Atividade Econômica: Agronegócio (12,26%), Indústria (6,09%), Serviços (45,37%)  

4. Muritiba
Distante a 114 km de Salvador, Muritiba faz parte da microrregião de Santo Antônio de Jesus e teve esse ano, cinco candidatas, sendo que uma delas foi considerada inapta pelo TSE. Tanto em 2016 como em 2020, a cidade elegeu o mesmo prefeito. Nas últimas eleições, Danilo Marques Dias Sampaio (PSD) teve 10.457 votos. Entretanto, Marinalva da Silva (Republicanos) e Juciene Batista Nascimento (PT) foram candidatas também.  

Ana Claudia Mascarenhas Brandão/ Claudia de Roque Isquem (Avante) - Inapta pelo TSE. Caso o eleitor digite o número, o voto será nulo.  

• Perla da Conceição Santana Ferreira/ Perla Santana (MDB)

• Rosivanda Oliveira Reis/ Rose (PSD)

• Juciene Batista Nascimento/ Juba (PT)  

• Marinalva da Silva/ Mãe Mara (Republicanos)

- Eleitores (total): 23.951
- Eleitorado Feminino: 12.877 (53,76%)
- Eleitorado Masculino: 11.074 (46,24%)
- População: 28.707 
- PIB (2021): 276,777 mil
- Atividade Econômica: Agronegócio (5,16%), Indústria (10,04%), Serviços (43,35%)

5. Várzea Nova 
No centro-norte do estado, Várzea Nova elegeu o mesmo prefeito nas duas últimas eleições. Em 2020, João Hebert Araújo da Silva (PSL) foi reeleito após alcançar 4.522 votos. Ele concorreu com Daiane Severina Pereira (PC do B) que teve 3.375 mil votos e esse ano, concorre novamente ao pleito dessa vez, disputando com Rizia Naiara Araújo Marques (PSB).  

• Daiane Severina Pereira/ Daiane (PC do B)  

• Rizia Naiara Araújo Marques/ Rízia (PSB)

- Eleitores (total): 10.823
- Eleitorado Feminino: 5.490 (54,73%)
- Eleitorado Masculino: 5.337 (49,27%)
- População: 13.377
- PIB (2021): R$ 231,907 mil
- Atividade Econômica: Agronegócio (10,39%), Indústria (43,94%), Serviços (24,91%)

Por Priscila Natividade/Correio

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