quarta-feira, 4 de dezembro de 2024

Vereadora de Coité afirma que se comunica com marido que morreu há 15 anos: “Colocava as faixas na frente do cemitério pra ele ler”, diz

Juçara Silveira de Oliveira tem 65 anos e é viúva de Mário Raimundo da Silva Oliveira, conhecido por Mario da Caixa, falecido em 2009. Ela relata ter tido uma experiência parecida com a do filme Ghost – Do Outro Lado da Vida
Você provavelmente já assistiu a Ghost – Do Outro Lado da Vida, no qual o protagonista, Sam Wheat, é um executivo apaixonado pela namorada, Molly. Ele morre, mas sua alma continua em outro plano.

Reprodução Google
A adaptação da ficção (Ghost) é fundamentada na doutrina espírita, sendo seguida por uma grande quantidade de praticantes no mundo. 

Juçara - Arquivo pessoal
Em Conceição do Coité, região sisaleira, a vereadora Juçara Silveira de Oliveira, 65 anos, relata ter tido uma experiência parecida com a do filme.

No dia 05 de março de 2009, a coiteense tinha uma rotina normal com o esposo Mário Raimundo da Silva Oliveira, conhecido por Mario da Caixa, que, naquela época, tinha 50 anos.

Mario chegou em casa após uma atividade física e teve um ataque cardíaco em poucos instantes.

Mário da Caixa
“Quando ele caiu, falei: Calma, vou te proteger! Não imaginava o que poderia ser até que o levasse para o hospital. Ao colocar na maca, as enfermeiras começaram a me olhar, seguindo de choro. Juçara começou a gritar para saber o que estava acontecendo e meu filho me abraçou, comunicando a notícia”, disse.

Na cerimônia de luto, a vereadora pediu que um profissional pintasse uma faixa com a seguinte frase: Mor, seja paciente! Entro!
Os dias foram passando e, a cada semana pós-funeral, várias faixas eram estendidas em frente do cemitério, contendo várias declarações de amor da viúva para o amado.

Mário da Caixa
Seria uma demonstração de uma pessoa vulnerável?

Conforme Juçara, não! A coiteense afirma que as frases expostas tinham como objetivo demonstrar aos habitantes que mantinha diálogos com Mário mesmo após sua morte.

“Não ocorreu um processo de loucura ou depressão. Tudo o que fiz está dentro da minha essência e doutrina espiritual”, explica.  

Além das faixas, a esposa de Mário da Caixa revelou que teve uma comunicação com o esposo por meio de cartas supostamente psicografadas, ou seja, mensagens que espíritos desencarnados enviam a parentes para consolo-los em relação à dor da morte.

No texto, lido por um médium, é possível ouvir declarações de amor de Mário, que, mesmo com a morte física, o amor pela esposa aumentou. Confira:
Seria uma loucura?  

Ela recorda que suas crenças na existência após a morte provocavam compaixão nas pessoas, especialmente por manter sua lealdade ao amado. 

“Alguns sentiam dó de mim e questionavam-me sobre minha fidelidade a Mário. Sim, com um amor esplêndido e surreal! Ele teve mérito, sendo aprovado por diversas mulheres. Os homens acreditam que eu sou uma mulher atípica”, comenta.

Ela afirmou que não passou por nenhuma fase de luto durante a morte de Mário, pois enfrentou uma experiência dolorosa ao perder a mãe enquanto ainda era criança.  

“Podem imaginar que sou louca, deprimida, mas essas palavras não me atingem. Eles não compreendem o motivo de tanto amor por ele, mas eu amo-me por amar Mário.”  

Quando questionada sobre o que Juçara sente falta do esposo, ela respondeu: Do sorriso e da brincadeira. Se ele estivesse presente, com certeza diria: “Eu te amo!”.  

Final do longa Ghost X Juçara e Mário.  

A coiteense acredita que foi assim!  

“Eu o preparava para sobreviver com independência, desligando-o da atmosfera. Assim foi”, finaliza.  

O que a psicologia ensina!  

A psicóloga Jessyca Oliveira disse que a psicologia não se limita às questões religiosas, mas o luto é emocional e complexo.

Jessyca Oliveira- Psicóloga
“Podem ser influenciadas por crenças religiosas, espirituais e isso interfere em diversas esferas, afetando a forma como as pessoas lidam com as perdas e onde elas encontram sentido para lidar com essa dor. Frequentemente, elas encontram refúgio na crença religiosa, uma vez que muitas explicações para a morte têm como fundamento a existência após a morte, incluindo a reencarnação e outros conceitos"
.  

Em relação às homenagens constantes de Juçara para Mário, Jessyca disse que pode ser uma tentativa de manter a ligação que tinha com o esposo.  

“É uma maneira de manter-se viva, ativa dentro dela, e as homenagens expressam a idealização do falecido e o receio de esquecimento ou falsa sensação de estar seguindo em frente. Assim sendo, as homenagens acabam por preencher uma lacuna que pode estar em aberto. Ademais, temos a hipótese dela acreditar na existência após a morte e em um propósito por trás da história do casal” , explica.  

Jessyca acrescentou que o fato de os comportamentos estarem estabelecidos não significa que a pessoa esteja com um problema psicológico.  

“Por vezes, é uma atitude espiritual autêntica de continuar com o luto. Pode ser para Juçara, talvez. Pode ser que ela acredite que está se separando da pessoa que fez parte de sua existência. De maneira geral, dentro da psicologia e da religião, as pessoas necessitam de um apoio e nosso desenvolvimento é individual”, afirmou.  

A psicóloga disse que as homenagens podem ter sido uma forma que Juçara buscou para amenizar a saudade, mas nem todos os casos se aplicam ao da coiteense.

“Quando as homenagens interferem no dia a dia e na habilidade de estabelecer novas conexões, apresentando sintomas de ansiedade, depressão ou isolamento social, é imprescindível procurar ajuda de um especialista”.  

O espiritismo é uma doutrina.  

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Por Rafaela Rodrigues | Portal Raízes

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