A direção do hospital informou que a unidade estava supelotada no momento em que elas chegaram. Uma das gestantes veio do município de Água Fria. As duas estavam perdendo muito sangue e já tinham passado em outros hospitais.
Perderam os bebês nesta quinta-feira (13), duas gestantes que não conseguiram ser atendidas no Hospital Inácia Pinto dos Santos (Hospital da Mulher), em Feira de Santana. Uma delas, Ângela da Silva, saiu em uma ambulância do município de Água Fria e percorreu vários hospitais em Feira de Santana e ao chegar ao Hospital da Mulher, por volta das 7h30 foi informada de que não havia vagas.
“Minha esposa estava sentindo fortes dores, e tivemos em vários hospitais aqui em Feira, mandaram a gente ir para o Hospital da Mulher e quando chegamos disseram que não tinha vaga. Ela ficou no carro sangrando, provavelmente abortando e mandaram a gente ir para Salvador”, contou Gerson Félix da Silva, esposo de Ângela. Muito preocupado, ele disse que só iria sair depois que a esposa dele fosse avaliada. “Quem vai assumir a responsabilidade se ela morrer no caminho? Algum médico tem que avalia-la,” exigiu.
O motorista da ambulância, Jean Cleber Costa Cardeal, informou que o município não tem médico obstetra e que sempre é feito esse serviço de transferência. Ele teve receio de levá-la de volta porque não sabia o risco que a gestante podia correr durante o percurso. “A ambulância está toda ensaguentada. Só viemos para cá porque o Hospital da Mulher é de referência em Feira de Santana”, declarou.
A outra gestante, Geisa Oliveira da Silva, 19 anos, grávida de dois meses, também estava sangrando muito e não foi imediatamente atendida. A mãe dela, Valdeci de Oliveira, disse que chegou ao hospital às 4h e que foi a outro hospital, mas também não foi atendida e retornou para o Hospital da Mulher onde foi atendida momentos depois. A jovem mora no bairro Ponto Central, em Feira de Santana. O hospital; A secretária da direção do hospital, Monaliza Lorene, informou que hoje pela manhã a unidade estava superlotada e que foi feito o possível para atender as duas mulheres a tempo. Ela disse ainda que Ângela já tinha expulsado o feto no caminho para Feira de Santana e que quando conseguiram colocá-la dentro do hospital ela já tinha perdido o bebê. “A direção chamou a médica para fazer a avaliação dela, mas a mesma só foi até lá depois, porque estava na hora da troca do plantão e ela ainda estava atendendo outras pessoas. Em nenhum momento o hospital negou atendimento as duas gestantes”, assegurou.
Grávidas de Feira de Santana e de mais 100 municípios circunvizinhos contam com atendimento do Hospital da Mulher. A unidade é referência em atendimentos a parturientes e também a recém nascidos de alto risco. De janeiro a agosto deste ano, já realizou 3.053 partos e foram atendidas 12.618 mulheres.
* Com informações e fotos do repórter Ed Santos do programa Acorda Cidade