Fábio Guimarães de Miranda, Ricardo Periard e José Antônio Guasti dão boas notícias sobre o quadro clínico do técnico Ricardo Gomes (Foto: Rafael Cavalieri / Globoesporte.com) |
Os médicos que cuidam de Ricardo Gomes no Hospital Pasteur, na Zona Norte do Rio de Janeiro, reuniram-se na manhã desta quarta-feira para passar novas informações sobre o quadro do treinador. E, mais uma vez, as notícias foram boas. Os sedativos foram retirados, e o comandante vascaíno já está respondendo aos primeiros contatos. Segundo os médicos, ele esboça movimentos de ambos os lados do corpo, sendo o esquerdo muito mais do que o direito, que foi afetado. O risco de morte, no entanto, ainda existe, embora tenha diminuído consideravelmente.
Clínico responsável pelo acompanhamento diário do caso, Fábio Guimarães de Miranda disse que ainda é cedo para falar sobre a possibilidade de sequelas permanentes. No entanto, ele explicou que, com as sessões de fisioterapia que terão início já nesta quarta-feira, o treinador "tem tudo para recuperar totalmente os movimentos".
- As notícias são boas. Suspendemos de manhã cedo os sedativos, e após duas horas ele já apresenta reações positivas. Acordou, abriu os olhos em determinados momentos e movimentou braços e pernas, mais o lado esquerdo do que o direito, como esperado. Isso não quer dizer que ele vá ter sequelas permanentes, pois ainda é cedo para uma avaliação definitiva. Mas vamos iniciar a fisioterapia, e ele deve recuperar totalmente os movimentos. Com o período de maiores complicações terminando, ele apresenta normalidade no estado clínico, sinais vitais normais e exames de imagem compatíveis com boa evolução - explicou o médico.
A recuperação de Gomes amenizou o clima de tensão que rondou o hospital nos últimos dias. Até os funcionários agora mostram semblantes mais tranquilos, e o filho do treinador, Diego, já conseguiu abrir um sorriso.
A visão otimista em função da recuperação faz com que nem mesmo um retorno aos campos seja descartado pelos médicos. Ricardo Gomes sofreu um acidente vascular cerebral durante o clássico entre Flamengo e Vasco, no último domingo, no Engenhão.
- Ainda é cedo para falar, mas tenho a esperança muito grande de que ele possa voltar a ser treinador - disse o clínico.
Além dos sedativos, o aparelho de respiração também foi parcialmente retirado. Nos últimos dias, a respiração de Ricardo Gomes era totalmente artificial. Agora, as máquinas apenas auxiliam esse processo. Apesar do clima de otimismo, o trio de médicos afirmou que a prudência continua e que, em caso de qualquer alteração, os sedativos podem voltar a ser usados.
- Por enquanto isso não está previsto. Ele ainda está bastante sonolento, e o processo é bem lento. Mas o que poderíamos esperar de resposta positiva foi encontrado. Os movimentos são espontâneos, e a respiração agora é apenas auxiliar. A cada dia que passa uma batalha é vencida. A prudência é importante, mas o hospital e o quadro clínico estão fazendo o máximo - explicou Fábio.
Inicialmente, fisioterapia será passiva
Parte fundamental no processo de recuperação para evitar as sequelas permanentes, a fisioterapia será iniciada nesta quarta-feira de forma passiva. Ou seja, o fisioterapeuta realiza os movimentos para Ricardo Gomes. O objetivo principal é evitar um possível quadro de atrofia muscular após tantas horas sem qualquer movimentação.
- No estado em que ele se encontra, a movimentação é passiva. O fisioterapeuta movimenta para ele readquirir precocemente a força muscular e não realizar um quadro grave de atrofia. Além disso, ele também fará fisioterapia respiratória para não correr qualquer risco de voltar para os aparelhos - explicou Fábio.
O presidente do Vasco, Roberto Dinamite, esteve no hospital nesta manhã para visitar Ricardo Gomes e se mostrou emocionado com a recuperação do treinador.
- Não dá para esconder, é muita emoção. Isso é fruto da enorme corrente de oração e pensamentos positivos que todos estão fazendo pelo Ricardo. Estamos vencendo juntos cada batalha nesta grande luta pela vida. Da parte técnica, tudo foi e está sendo feito. Por isso não podemos parar com essa corrente - afirmou.
Entenda o caso:
Ricardo Gomes sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) no segundo tempo do clássico entre Flamengo e Vasco, no último domingo, no Engenhão. Foi levado inicialmente para o centro médico do estádio e, em seguida, encaminhado para o Hospital Pasteur, na Zona Norte do Rio de Janeiro, onde foi submetido a uma cirurgia que durou cerca de três horas e meia. A hemorragia no cerébro em decorrência do AVC sofrido pelo treinador foi estancada, e a circulação, restabelecida.