O mistério que rondava o casal forasteiro Jony Clayton Gochomoto Huamani e Maria do Carmo Viana Vasco, alojados na rua J. J. Seabra, no centro de Riachão do Jacuipe, desde o último dia 03 de outubro, parece ter chegado ao fim.
No inicio da noite desta terça-feira (11) nossa reportagem entrou em contato com a Policia Civil de Riachão do Jacuipe, no bairro da Bela Vista, e as informações batem perfeitamente com as que foram dadas por Jony Clayton no domingo (09).
De acordo com informações do Investigador Gonçalves, da Policia Civil, o casal foi interrogado no último dia 02 de outubro, às 21h50, após ser apresentado na Delegacia de Riachão pelo PM Amaro de Oliveira Matos Filho, em uma viatura da Policia Militar, vinda de Vila Aparecida.
Segundo as informações, desconfiados, alguns moradores do referido povoado comunicaram a presença do casal à policia, solicitando providências. Trazidos para um interrogatório em Riachão, nada ficou evidenciado para que a policia tomasse qualquer medida contra os dois “forasteiros”.
“Fizemos uma consulta no Infoseg e não encontramos nada de negativo. Como a Constituição dá o direito de ir e vir a todo o cidadão no território nacional, a policia não poderia fazer nada além do que foi feito”, disse o Investigador Gonçalves. “Além disso, nós entramos em contato com a família deles, em São Paulo, e tivemos outras informações que asseguravam a nossa decisão”, reforçou.
Portanto, Jony Clayton e Maria do Carmo não oferecem perigo à população, mas a policia informou que está atenta em caso de qualquer comportamento estranho. “Apesar deles serem interrogados e não constar nada contra eles, nós estamos acompanhando e tomaremos as providências cabíveis se algo de errado vier a acontecer”, disse o Investigador.
Segundo Gonçalves, os familiares - da tradicional familia Gochomoto em SP - informaram que Jony era proprietário de um salão de beleza e cabeleireiro dos mais renomados em São Paulo. No contato por telefone da policia com os familiares de Jony, um tio teria conversado com ele e proposto depositar o dinheiro das passagens no Bradesco para o seu retorno, mas ele não aceitou.
“Eles disseram que Jony já apresentou outra crise como essa no Japão. Desta vez, parece que ele se contrariou com alguma coisa e resolveu viajar”, explicou Gonçalves.
Ocorrência e histórico
Segundo a ocorrência nº 501/2011 13/05, registrada na Delegacia da Policia Civil de Riachão do Jacuipe, praticamente todas as informações dadas por Jony aos policiais foram confirmadas pelos seus familiares, assim como as perguntas feitas pela reportagem do Interior da Bahia.
A policia informou que tanto Jony quanto a sua companheira Maria do Carmo (Carmem) estão devidamente documentados. Jony, que tem curso médio completo, é solteiro e nasceu em 11 de março de 1963, em São Paulo, confirmando o que ela havia informado à nossa reportagem. Já a sua companheira Carmem, nasceu em 16 de julho de 1990, em Itaquera, São Paulo.
As informações dadas pelo Inspetor Gonçalves mostram que a policia acompanha o caso de perto e cai por terra toda a onda de mistério que se abateu na cabeça de parte da população. Aliás, na segunda-feira, à tarde, Jony já recebeu a nossa reportagem com mais tranquilidade. Preparando um cigarro, ele chegou a nos oferecer. “Quer fumar, cara?”, perguntou.
Contudo, voltou a falar em dinheiro, caso quiséssemos fazer alguma pergunta. “Vamos fazer um pacote de 20 perguntas e eu te digo o valor, combinado?”, propôs.
À noite, voltamos à sua “residência”, e ele já nos recebeu com um semblante mais aberto ainda. “Diga aí Tribuna da Bahia”, disse, referindo-se à camisa que usávamos. No momento, ele tomava café, fornecido por uma “vizinha”. Pelos menos seis pessoas se aproximaram e outras tantas ficaram observando à distância. Chegou a lembrar de foto (para tirar, que antes resistia), e não falou em dinheiro.
Contudo, Jony questionou a nossa curiosidade sobre a sua vida, afirmando que não era motivo de noticia. “Eu não sou noticia, cara. Noticia que você tem que dar e este lixo na rua, é o rio sujo”, pontuou.
“Mas a vida que você está levando não é uma coisa comum”, disse-lhe. Nesse instante, a senhora que lhe servia o café pediu para fazer uma pergunta. “Você é cabeleireiro e tem outras artes, por que está aqui, desse jeito? Ele (o repórter) está certo em ficar curioso com a sua situação. Pode confiar nele”, indagou e avalizou a mulher.
Reforcei: “Isso não é uma coisa anormal? Não era para você estar em outra situação?”. Foi então que Jony pediu uma caneta e um papel para anotar um site que dava mais informações sobre a sua vida comercial, o salão Wella Professional. "Busca isso aqui, cara, que tu vai saber", disse.
Após alguns instantes, Jony se soltou mais ainda e encerramos a conversa, que já era quase amistosa. E nos despedimos, não sem antes ele oferecer um pouco do café que tomava.
Mas, não satisfeitos com a situação de Jony Clayton e a sua companheira, após ouvirmos a policia, fomos à busca de mais informações para entender o caso. E conseguimos: Jony parece ter sido vítima de roubo do seu carro, que contaremos em outra matéria.
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