Jorge Brito
“Defendemos uma Comissão Nacional da Verdade que revolva os porões da Ditadura Militar.” Agassiz Almeida.
“As Ligas Camponesas romperam quatro séculos de opressão do latifúndio.” Francisco Julião.
Articuladas ao projeto nacional de Memória Histórica e Resgate de personalidades que se destacaram na luta e resistência à Ditadura Militar de 64, ao qual estão integradas entidades e órgãos de defesa dos direitos humanos, como a Ordem dos Advogados do Brasil, OAB, a Associação Brasileira de Imprensa, ABI, o CNBB, Congresso Nacional dos Bispos do Brasil, “Grupo Tortura Nunca Mais” e Centro de Referência dos Direitos Humanos, as Câmaras de Vereadores de Sapé, Mari e Guarabira realizaram nos próximos dias 22, 23 e 25 do corrente mês, às 19,30 horas, sessões em homenagens aos escritores e ex-deputados federais Agassiz Almeida e Francisco Julião, este “in memoriam”, com comendas e nomes de logradores públicos a eles concedidos através de proposituras dos vereadores Walter Filho, Vânia Monteiro e Beto Meireles . Pela relevante história da luta democrática na resistência ao regime militar de 64 dos homenageados, os vereadores justificaram a iniciativa de suas ações.
Francisco Julião e Agassiz Almeida, com o desfecho do Golpe Militar, foram presos e perderam os seus mandatos de deputado e amargaram longo exílio.
Com decisões deste teor, as Câmaras de Vereadores resgatam ao reconhecimento público nomes emblemáticos da nossa contemporânea história, no momento em que o país aguarda a criação da Comissão Nacional da Verdade destinada a revolver um passado de tirania que asfixiou a nação por 21 anos.
A cerca de 50 anos passados, Agassiz Almeida e Francisco Julião, jovens deputados à época, defendiam a reforma agrária através das Ligas Camponesas, e apontavam ao país os verdadeiros responsáveis pelas mortes de lideres camponeses, entre os quais João Pedro Teixeira, Pedro Inácio de Araújo, (Pedro Fazendeiro), e João Alfredo.
Foi Francisco Julião que mobilizou a primeira greve de camponeses na história do país,em 1960. Em 1962, Agassiz Almeida requereu à Assembléia Legislativa da Paraíba a constituição de uma CPI, Comissão Parlamentar de Inquérito, para apurar os responsáveis pelo assassinato de João Pedro Teixeira, e também apontou os criminosos desta tipologia delinqüente, o assassinato e desaparecimento de Pedro Fazendeiro.
Centro de Referência de Direitos Humanos