Na tarde de sexta (9), familiares dos adolescentes que morreram na troca de tiros com policiais militares compareceram ao Departamento de Polícia Técnica (DPT) e fizeram o auto de reconhecimento. Trata-se de Danilson Almeida de Oliveira, 13 anos, e Alisson Azevedo Lopes, 15 anos, ambos residiam em uma casa abandonada no conjunto José Ronaldo, bairro George Américo.
Marilene de Azevedo, mãe de Alisson, afirmou para a reportagem que fez de tudo para tirar o filho do mundo do crime, mas o mesmo “não queria sair de seu mundo”. “Tem uma semana que ele saiu do Melo Matos, onde ele estava detido por traficar drogas, pela 2ª vez. Da primeira vez ele também foi preso traficando drogas, mas saiu logo, logo saiu. Eu ainda pedi para o juiz que deixasse ele preso, porque pra mim era melhor ter ele preso do que morto. Ele ainda ficou zangado comigo, porque tinha feito isso (pedir para juiz deixá-lo preso), mas só ficou poucos dias preso e saiu na semana passada”.
Ainda de acordo com Marilene, “a dor de uma mãe que vê o filho morto é grande. Ele era tão jovem... fiz de tudo para tirar ele do mundo das drogas, do mundo do crime, mas ele falava para mim que não adiantaria fazer nada, que ele queria continuar a viver em seu mundo. Na noite de ontem (quinta-feira) vi meu filho vivo pela última vez. Eu ainda orei um verso da bíblia pra ele, mas ele falou, ‘fica aí mãe com essa conversinha de igreja, que eu vou agora pra favela’. Eu ainda falei: ‘meu filho, por favor, venha dormir em casa, não durma mais na rua’, e ele respondeu que ia dormir no Zé Ronaldo. Acordei cedo para ir pra Igreja e vi o movimento de viaturas pelo lado do José Ronaldo. Naquele momento eu ainda falei com a vizinha: ‘acho que aconteceu alguma coisa com meu filho’”.
Familiares de Denilson afirmou para a reportagem que sua mãe fez de tudo para tirar ele do mundo do crime, mas não conseguiu. “A mãe dele ainda se mudou para o conjunto Liberdade, que fica perto do Feira VII, para tira ele do meio dos traficantes do José Ronaldo, mas ele não quis, preferindo ficar morando na rua, numa casa abandonada no José Ronaldo”. Denílson também saiu do Melo Matos na semana passada, onde ficou recolhido por quatro dias, depois de ser detido com drogas. (Polícia é Viola)