Dois homens e uma mulher levaram os pertences de duas famílias composta por dez pessoas que jantavam em um hotel do bairro
Bruno Wendel
bruno.cardoso@redebahia.com.br
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Detalhes de um crime revelados por olhos eletrônicos. Assim foi possível identificar o trio que fez um arrastão contra um grupo de turistas franceses que jantavam em um hotel do Santo Antônio Além do Carmo, no Centro Histórico. Toda a ação foi registrada, na noite de quinta-feira, por seis câmeras instaladas em vários pontos do estabelecimento.
Dois homens e uma mulher levaram os pertences de duas famílias composta por dez pessoas, sendo dois casais e seis crianças, que vieram de Nova York passar as festas de fim de ano em Salvador.
Bandidos agem no Santo Antônio e a falta de segurança ameaça prejudicar negócio dos donos de pousada.
Os ladrões têm estatura mediana e pele morena. Um dos bandidos aparece nas imagens usando camisa branca e boné vermelho e mancando da perna direita. O outro ladrão, de camisa bege e boné preto, chega ao hotel acompanhado de uma mulher com os cabelos presos e camiseta cinza. A filmagem tem a duração de cinco minutos.
Comparsas
As lentes registram desde o momento em que os bandidos rendem um dos funcionários da recepção até o momento em que o trio faz a “limpa” nas vítimas. O caso é apurado pela Delegacia de Proteção ao Turista (Deltur).
Hospedadas no Solar do Carmo Hotel, as duas famílias optaram na quinta-feira por um jantar no Hotel Vila Santo Antônio, a poucos metros de onde haviam se hospedado. Por volta das 22h, o grupo chega ao Vila Santo Antônio e se senta na área externa do hotel, cuja vista dá para a Baía de Todos os Santos.
Em seguida, a câmera instalada na fachada do prédio registra o momento em que um dos ladrões passa em frente ao estabelecimento para averiguar se os franceses haviam sentado em uma das mesas. Logo depois, a comparsa passa também pela frente do hotel para ter certeza de que as vítimas eram os únicos clientes no saguão do hotel naquele momento.
Logo depois, o casal toca a campainha e o acesso deles é permitido por um dos funcionários. As armas dos bandidos estavam dentro de uma sacola transportada pela mulher. No balcão, o casal simula o interesse em uma diária.
Enquanto a dupla conversa na recepção, o terceiro bandido, mancando da perna direita, se aproxima e também pede informações sobre hospedagem. Num determinado momento, a mulher distribui as armas e os comparsas rendem o recepcionista.
Agressivos
Imediatamente, a mulher fecha as portas e as janelas para não chamar a atenção. Então, os três seguem para a área externa e vão diretamente aos turistas. Enquanto os dois ladrões mantêm as vítimas sob suas miras, a mulher coletava os pertences das vítimas. Depois, os três deixam o hotel. A mulher que entrou com a sacola aparece nas imagens levando duas bolsas.
Abalados, os turistas deixaram Salvador no dia seguinte. Eles anteciparam a viagem que fariam mais tarde para Lençóis, cidade turística na Chapada Diamantina.
De acordo com a ocorrência registrada na Deltur, os bandidos levaram máquinas fotográficas, cartões de crédito, R$ 1.500 e 850 euros. Uma funcionária do hotel relatou que os bandidos estavam muito agressivos. Esta não é a primeira vez que criminosos invadem o hotel. Há cerca de seis meses, três homens
entraram no local, renderam funcionários e roubaram hóspedes.
As duas famílias francesas passariam a noite de Natal com o amigo Dimitri Ganzelevitch, pesquisador e promotor cultural, que há 36 anos mora no Centro Histórico. “Eles têm altíssimo padrão de vida. Esse tipo de gente é formador de opinião. Quando voltarem para os seus países, vão divulgar a insegurança na Bahia”, lamentou.
Centro Histórico: imagem arranhada
O agente de viagens capixaba Cláudio Dantas, 39 anos, antes de embarcar para Salvador, orientou a família quanto à insegurança no Centro Histórico. “A gente veio pra cá com receio, porque tem se falado muito da insegurança (da área). Por isso só andamos em grupo e em locais movimentados”, disse.
Até os próprios comerciantes do Centro Histórico estão orientando os turistas quanto à questão da segurança. “Nós queremos bem aos turistas, queremos que eles voltem. Por isso, pedimos a eles que não circulem com máquinas fotográficas, celulares e nem exibindo dinheiro. O policiamento não é suficiente. Tem dia que viatura aqui é uma raridade”, contou Flávia de Castro, balconista de uma sorveteria.
Sobre o policiamento, um soldado disse que o efetivo é pouco e das 14 câmeras destinadas ao monitoramento da região, algumas estão quebradas. O CORREIO procurou o 18º Batalhão da PM, foi orientado a ligar para o Departamento de Comunicação da corporação, mas não obteve sucesso. As informações são do correio.