POR LUIZ FLÁVIO GOMES (@professorLFG)*
A Guarda Civil Metropolitana (GCM) da cidade de São
Paulo com sua política de tolerância zero contra os moradores de rua (muitas
vezes truculenta), está se transformando numa máquina de enxugar gelo (com
toalha quente). Faz limpeza, mas antes de tudo étnica e racial. A pretexto de
proteger o patrimônio público, cada vez mais a GCM descamba para o caminho
socialmente errado, revelando sua verdadeira natureza de polícia do município,
tal como a PM é polícia do Estado (não da cidadania ou da democracia).
A política de tolerância zero utilizada como
instrumento de segurança pública é eminentemente repressiva e não ataca as
causas individuais e estruturais do gravíssimo problema social que ela procura
esconder. Só ilude a população e faz migrar os miseráveis, tal como ocorreu na
Cracolândia. Esse método, pelo que qualquer pessoa sensata pode captar,
tornou-se absolutamente inócuo para solucionar a enorme problemática social,
decorrente de um modelo econômico escravagista fundado na desigualdade e na
discriminação. O pior em tudo isso é o gasto público inútil. Os recursos são
escassos e, mesmo assim, mal empregados.