De eixo fino, tons rosados e aparência frágil, a "cebola-brava" crava
uma raiz de esperança no solo seco do semiárido da Bahia. Resistente
como o nordestino, a flor solitária que nasce de forma espaçada entre as
roças do município de Valente, a cerca de 65 quilômetros de Serrinha,
reacende a fé dos produtores rurais. “É sinal de que a chuva, enfim,
pode chegar”, revela a técnica agrícola Tamires Lopes, da Associação de
Desenvolvimento Sustentável e Solidário da Região Sisaleira (Apaeb).
O anseio é iminente para uma população que tem a economia
predominantemente baseada na produção do sisal, uma planta altamente
tolerante ao clima seco, mas que não tem suportado o longo período de
estiagem. “Eu mesmo não colho nada já tem dois anos. Está tudo morrendo e
não tenho o que fazer”, admite o produtor José Maria Cunha Oliveira,
que aos 52 anos de idade tem um “cemitério sisaleiro” no terreno que já
abrigou 50 tarefas de plantação.