Se é que havia dúvidas, a Assembleia Geral da ONU foi a prova de que o
presidente Jair Bolsonaro e seu ídolo, o americano Donald Trump, estão
em sintonia --ao menos nos discursos. Ambos os líderes falaram
essencialmente a mesma coisa, só os nomes dos vilões é que variaram:
para Trump, o eixo do mal é composto por Irã, China e ONGs que defendem
imigrantes, enquanto, para Bolsonaro, a encarnação do demônio é feita de
Cuba, Foro de São Paulo, Venezuela e ONGs ambientalistas.
A narrativa de Trump e Bolsonaro é a mesma disseminada pelos populistas
de direita, do húngaro Viktor Orbán ao filipino Rodrigo Duterte:
precisamos combater o globalismo e fortalecer o nacionalismo. Abaixo
organizações transacionais, como a própria ONU, que querem violar a
soberania dos países para impor aos governos nacionais sua agenda de
defesa das minorias e o que consideram bobagens de esquerda
politicamente corretas. "O futuro não pertence aos globalistas, o futuro
pertence aos patriotas, às nações independentes e soberanas que
protegem seus cidadãos", disse Trump na tribuna da ONU.