O Brasil é um país marcado pela migração interna, pelo êxodo campo-cidade, entre as diferentes regiões, e pelo trânsito ou migração religiosa. Pesquisa inédita do Centro de Estatística Religiosa e Investigações Sociais (CERIS) mostra que 24% da população brasileira já mudaram de religião em algum momento da vida; 69,3% nunca o fizeram e 8,2% não forneceram informações a respeito.
A pesquisa sobre Mobilidade religiosa no Brasil foi apresentada pelo CERIS na 43a. Assembléia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), reunida em Itaici, Indaiatuba, São Paulo, de 9 a 17 de agosto.
Segundo a pesquisa, a mobilidade religiosa é mais acentuada entre pessoas da faixa etária dos 46-55 anos (27%) e dos 36-45 anos (26,3%). O percentual de homens que mudaram de religião (23,9%) é ligeiramente superior ao percentual de mulheres (23,1%).
Surpreende a conclusão da pesquisa quanto ao grau de escolaridade dos "migrantes religiosos". Os que têm nível superior completo são os que mais transitaram por outras religiões (37,4%), embora o fenômeno também se verifique entre os não-alfabetizados e dentre os que possuem outros níveis de escolaridade.
Pessoas divorciadas (52,2%) ou separadas judicialmente (35,5%) apresentam grande mobilidade religiosa. "O fato dos divorciados e separados serem os que mais transitam entre as religiões pode indicar que algumas delas funcionam como espaço de acolhida em situações de crise afetiva e sentimental", analisa o texto do CERIS.
A pesquisa também separou os informantes que mudaram de religião por grupo de procedência. Assim, os que apresentam maior mobilidade (89,3% já transitaram) são aqueles que pertenciam a religiões com presença minoritária no Brasil, o grupo "outras religiões" na pesquisa. Em seguida vêm os evangélicos pentecostais (84,6% já transitaram).
Mas são os evangélicos pentecostais os que mais acolhem pessoas procedentes de outras religiões. Dentre os que declararam pertença anterior ao catolicismo, 58,9% estão hoje numa igreja pentecostal. O mesmo acontece com metade (50,7%) dos que pertenciam antes a uma igreja protestante histórica. Mesmo os que chegaram a se declarar sem religião, 33,2% deles estão, na atualidade, numa igreja pentecostal.
A pesquisa do CERIS destaca a circulação dos evangélicos pentecostais, que costumam transitar entre igrejas pentecostais e entre igrejas evangélicas históricas. O CERIS fala de mobilidade intra-evangélica.
Outro dado interessante mostra que o catolicismo também registra um movimento de ingresso. Dos que se declararam "migrantes religiosos", 26,9% que antes pertenceram a algum ramo do protestantismo histórico hoje se dizem católicos, e 18,7% que estavam numa igreja pentecostal migraram para o catolicismo. Mas são os fiéis agrupados nas "outras religiões" que mais procuraram o catolicismo (47,4%).
A pesquisa do CERIS, que ainda é parcial e estará completa no final do ano, quando deverá ser publicada em livro, também levantou as motivações que levaram pessoas a escolher esta ou aquela religião. O sentimento de bem estar e a aproximação a Deus foram os principais motivos apontados para os entrevistados que mudaram de religião.
Ficou evidente na pesquisa que cada vez mais pessoas procuram a religião para atender a necessidades de ordem subjetiva. A busca de ajuda em momentos difíceis da vida foi mencionada por 18,7% dos católicos e 30,5% dos que pertencem ao grupo de "outras religiões". A aproximação a Deus foi apontada por 20,2% dos católicos e 26% dos evangélicos pentecostais.
Outra motivação importante é a busca de uma religião como espaço ético, fato apontado por 38,1% dos católicos e 15,2% dos evangélicos históricos. Os dois grupos se destacaram por indicar como motivação para a escolha atual a busca por uma religião "séria".
O principal motivo para a troca de religião foi a discordância com a doutrina daquele segmento religioso no qual a pessoa se encontrava. Dos que abandonaram o catolicismo, 35% o fizeram por esse motivo, também válido para 13,9% dos que abandonaram igrejas pentecostais e 33,3% daqueles que vieram de outras religiões.
Um dado curioso é que dos que mudaram de religião e se abrigaram no catolicismo 33,3% afirmam que freqüentam a missa uma vez por semana, percentual superior ao daqueles que jamais deixaram o catolicismo (24,7%). Outro dado interessante é que 20% das pessoas que pertencem a igrejas protestantes históricas declararam que costumam ir à missa.
Dentre os itens que mais agradam na religião atual, católicos que já transitaram destacaram as curas e libertações (36%) em primeiro lugar. Esse mesmo item foi apontado pelos pentecostais (23%). Em segundo lugar aparece o acolhimento, apontado por 22,9% dos evangélicos históricos que já transitaram e por 10% dos pentecostais.
Os itens música e louvor são aqueles que mais agradam todos os fiéis que transitaram, na sua nova opção religiosa. Os dois itens aparecem em todos os grupos religiosos pesquisados pelo CERIS. A opção "nada desagrada" foi assinalada por 71,5% dos católicos que transitaram, 80,7% dos evangélicos históricos, 79,9% dos pentecostais, 89,4% dos que pertenciam a outras religiões.
A pesquisa tabulou 2.870 questionários, respondidos por pessoas maiores de 17 anos, em 50 municípios brasileiros, dentre eles 23 capitais. Das capitais, ficaram de fora da pesquisa, por motivos técnicos, Aracaju, Porto Velho, São Luis e Vitória.
Esta pesquisa mostra bem a cara do povo cristão Brasileiro, que gosta de louvor e de boa música,
que demonstram entre os históricos uma pacifica convivência com os demais credos religiosos, Viva a tolerância religiosa.
As informações são do blog da IrmanBethi